Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de janeiro de 2019
O cardiologista Augusto César Barretto Filho, de 74 anos, se entregou à polícia na tarde desta sexta-feira (18) e teve o registro profissional suspenso pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). Ele é acusado de abusar sexualmente de mais de 30 pacientes em seu consultório em Presidente Prudente (SP).
Barreto Filho foi nesta sexta à Delegacia de Defesa da Mulher acompanhado de um advogado. Após se apresentar, ele passou por exame de corpo de delito e seria mandado para o sistema prisional de Lavínia (SP), na região de Araçatuba.
O médico teve a prisão decretada na quinta-feira (17), pela Justiça, que acatou o pedido do Ministério Público. Para o promotor Felipe Teixeira Antunes, havia o risco de o suspeito fazer novas vítimas, já que seu registro profissional continuava ativo.
Augusto Barretto Filho responde pelo crime de violação sexual mediante fraude, cuja pena com os agravantes pode passar de seis anos de reclusão. Ele alega ser inocente. Além das denúncias já formalizadas na polícia, a delegada Adriana Pavarina diz que muitas mulheres também ligaram dizendo terem sido abusadas. Segundo relatos, o médico assediava as pacientes havia mais de 20 anos.
O modo de agir do cardiologista seguia um padrão, conforme contaram as mulheres em depoimento. “Na hora de medir a pressão arterial ou as batidas do coração, ele acariciava as partes íntimas das pacientes e encostava seus órgãos genitais nelas”, explicou a delegada. O médico chegou a ser denunciado em 2008, mas não foi condenado. Em julho do ano passado voltou a agir e, a partir desta nova denúncia, outras vítimas começaram a surgir.
Registro
No ano passado, o cardiologista pediu o cancelamento de seu registro no Cremesp. A solicitação acabou negada porque ele respondia à sindicância interna e, segundo o órgão, se fosse afastado não teria como ser punido. Nesta sexta-feira, o Cremesp informou que o registro profissional de Barretto Filho foi suspenso, “diante do volume de casos denunciados envolvendo o cardiologista e dado o seu potencial de lesividade social”. A suspensão é válida por seis meses e pode ser renovada por mais seis meses.
“Estado de choque”
Ao detalhar o caso que deu origem às investigações, em julho de 2018, a Polícia Civil relatou que o médico acariciou “de forma lasciva” a perna e a virilha de uma paciente, assim como introduziu a mão no interior de sua calcinha, apalpando a vagina da mulher, durante o atendimento no consultório. Além disso, segundo a polícia, o cardiologista colocou a mão da vítima em seu pênis, enquanto aferia sua pressão arterial.
“Não bastasse, o médico ainda pediu para ela virar de costas para auscultar seu coração e efetuou movimentos contínuos semelhantes aos utilizados na prática de conjunção anal, encostando seu quadril na região das nádegas da vítima”, salientou a polícia.
A vítima explicou que havia passado por consulta com o mesmo profissional em maio do ano passado e naquela ocasião o atendimento transcorrera dentro da normalidade. Sua pressão arterial foi aferida com a mulher sentada, assim como pela secretária, e a paciente ainda realizou um exame de eletrocardiograma.
Como lhe foram solicitados outros exames, a mulher retornou ao médico em nova consulta em julho de 2018, oportunidade em que o abuso sexual ocorreu.
Durante o abuso, a vítima repetiu por duas vezes, segundo a Polícia Civil, que não gostava daquele comportamento, mas o médico “fitou os olhos de maneira firme e prosseguiu”.
A paciente descreveu que entrou em “estado de choque”, passou a chorar, mas não conseguiu gritar por socorro. A mulher ficou sem reação, exceto a de pedir ao médico diversas vezes para parar.