Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2019
A CBME (Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada) informou que foram encerradas as buscas pelos brasileiros Fabrício Amaral e Leandro Ianotta, desaparecidos no Monte Fitz Roy, no Parque Nacional Los Glaciares, na Patagônia argentina desde a semana passada.
Em nota, a confederação informa que o mau tempo na região, com neve constante nas montanhas, dificulta as buscas pelo Grupo Voluntário de Resgate de El Chaltén, além de colocar em risco os resgatistas. Um socorrista feriu-se gravemente durante a operação. Os montanhistas brasileiros foram vistos pela última vez há seis dias. Um helicóptero continua de prontidão aguardando a melhora das condições climáticas para sobrevoar a região. No entanto, havia previsão de uma pequena janela – termo utilizado para definir o momento em que o tempo ruim cessa e surge um intervalo de três ou quatro dias de tempo bom – somente nesta sexta-feira (25). O tempo deve melhorar apenas no fim do mês.
“Mr. Bean [Leandro Iannotta] e Amaral, ambos experientes escaladores em paredes longas e vias complexas tanto em terras brasileiras, como fora delas. Tinham não apenas experiência para tentar escalar essa montanha, como também entendiam os riscos envolvidos. A CBME lamenta profundamente o acidente, entende que a dor é grande e deseja força aos familiares para enfrentar esse momento”, diz a nota.
A dupla foi avistada por último na quinta enfiada da via de escalada Franco-Argentina, no Monte Fitz Roy, em El Chaltén, na sexta-feira (18) por volta das 14h. Segundo a CBME, os escaladores que os avistaram estavam descendo da mesma montanha enquanto uma tempestade se aproximava. A tempestade atingiu a montanha no mesmo dia um pouco mais tarde.
No fim de semana, ainda sob um clima muito ruim, dois brasileiros subiram até o Paso Superior, acampamento avançado para quem deseja escalar o Fitz Roy por esta via, e que fica a cerca de 6-8 horas do vilarejo. Relataram terem encontrado documentos do Leandro, saco de dormir e equipamentos que optaram por não utilizar enquanto escalavam a montanha. Os brasileiros resgatistas não conseguiram avançar mais por conta da tempestade e desceram dali mesmo para El Chaltén.
Em seu perfil na rede social Instagram, Ianotta chegou a relatar que a primeira investida no local havia sido “incrível”, mas que, em razão do vento forte, eles teriam optado por descer e esperar uma “janela” para continuar a caminhada.
“A primeira investida foi incrível, caminhada longa por trilha, atravessar um glaciar até o ‘Passo Superior’ para depois escalarmos a Brecha dos Italianos, aproximadamente 250 metros de neve e rocha até a Silla, foi difícil identificar a base da via Franco Argentina e com o vento forte que vinha do Cerro Torre, decidimos descer e esperar a próxima janela, aprendendo a cada dia e em quanto isso, sigo pedindo ao anjo da guarda escalador uma força! Vamooo. Fotos e vibe Fabrício ‘Amaral'”, escreveu Ianotta.
À Agência Brasil, o vice-presidente da confederação, Natan Fabrício, contou que os dois brasileiros tinham boa experiência em escalada e que o local onde eles desapareceram não é para iniciantes.