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Por Redação O Sul | 26 de janeiro de 2019
A saúde pública de Porto Alegre espera dar um grande salto para reduzir a fila de espera por consultas com especialistas pelo SUS, como ortopedistas e ginecologistas, que são encaminhadas pelas unidades de saúde. Na sexta-feira (25), a Prefeitura de Porto Alegre, o Hospital Sírio-Libanês e o TelessaúdeRS-UFRGS anunciaram o início das atividades do Regula+Brasil na Capital. O trabalho teve início em 10 de janeiro e já regulou mais de 4 mil consultas. A iniciativa faz parte do Proadi-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde.
O prefeito Nelson Marchezan Júnior afirma que o Regula+Brasil irá qualificar o atendimento dos 1,5 milhão de porto-alegrenses e diminuir a angústia daqueles que buscam a saúde pública. “Vamos enfrentar de forma estruturada questões pontuais em 11 especialidades médicas. Já zeramos a fila de espera por consultas dermatológicas ainda em 2017 e reduzimos praticamente pela metade os atendimentos na ortopedia”, diz. Marchezan destaca também que o serviço é mais barato e qualificado para a máquina pública, pois evita encaminhamentos, filas e exames desnecessários. “É uma forma de dar mais atenção ao paciente que vai sair com uma solução para o seu problema de saúde”, completa.
O secretário municipal de Saúde, Pablo Stürmer, ressalta os desafios que os municípios enfrentam para solucionar a questão da fila de espera. “A solução passa por ações aplicadas de forma efetiva e inovadora. “A inovação serve para auxiliar as pessoas, garantindo que profissionais possam oferecer o que elas precisam no atendimento em saúde”, afirma.
Conheça o projeto
O Regula+Brasil faz parte do Proadi-SUS. É implementado pelo Hospital Sírio-Libanês, em parceria com a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)/Telessaúde-RS e a Prefeitura de Porto Alegre. A iniciativa partiu de modelo similar desenvolvido pela UFRGS no Rio Grande do Sul, em parceira com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul e implantado nas unidades de saúde do Interior do Estado.
Na prática, o programa atua apoiando a Central de Regulação de Porto Alegre, avaliando os encaminhamentos feitos aos pacientes que procuram as unidades de saúde. Sempre que o médico do posto acredita na necessidade de encaminhar o paciente a um especialista, o caso será enviado a um núcleo remoto formado por médicos integrados a uma rede de telemedicina. O núcleo avalia o encaminhamento para as especialidades, indicando prioridade aos casos mais graves.
Nos casos que necessitem de mais informações ou que podem ser resolvidos na atenção primária, o projeto disponibiliza um número de telefone 0800 e um aplicativo de mensagens, no qual médicos especialistas do Sírio-Libanês discutem cada caso com os profissionais do posto. Esse canal 0800 oferece um atendimento mais qualificado aos pacientes e evita encaminhamentos desnecessários aos especialistas, aumentando a taxa de resolução na própria unidade de saúde. O fluxo também ajuda a capacitar os médicos das unidades.
Para atender a esta demanda, e das demais cinco capitais incluídas no projeto Regula+Brasil, foram inaugurados três núcleos de atendimento interligados em São Paulo, Porto Alegre e Distrito Federal. Os núcleos atenderão das 8h às 17h30, de segunda a sexta-feira, por meio do 0800 ou WhatsApp.
Telemedicina
Porto Alegre utiliza telemedicina para dermatologia e oftalmologia desde 2017. Em janeiro daquele ano, a fila para dermatologia era de 5.230 pacientes e foi zerada no final de 12 meses.
“Esse projeto é baseado no sucesso do TelessaúdeRS-UFRGS e hoje, por meio do Proadi-SUS, estamos expandido para outras capitais do Brasil”, explica o diretor-executivo do Hospital Sírio-Libanês, Fernando Torelly. “Além de reduzir as filas de atendimento de especialistas, estamos ajudando na formação dos profissionais das unidades de saúde, oferecendo conhecimento técnico para aprimorar o atendimento”, diz.
O coordenador do TelessaúdeRS-UFRGS, Roberto Umpierre, comentou que a cada três ligações feitas aos profissionais, duas são resolvidas sem a necessidade de outro encaminhamento. “A estimativa é de que a fila de espera seja reduzida pela metade em dois anos”, afirma.
Filas de espera para as especialidades contempladas no projeto – dados de 31 de dezembro 2018: ortopedia – 11.435; endocrinologia – 10; neurologia – 9.065; psiquiatria – 2.483; proctologia – 3.309; gastroenterologia – 669; urologia – 6.592; cirurgia vascular – 7.639; pneumologia – 165; ginecologia – 2.730; neurocirurgia: 1.553. O total é de 45.650 pessoas na espera.