Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de agosto de 2015
As empreiteiras que pagaram 4,8 milhões de reais ao presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, fecharam contratos de ao menos 4,8 bilhões de reais com a empresa de energia atômica entre 2009 e 2015.
Responsável pelas usinas nucleares e pela construção de Angra 3, a Eletronuclear, controlada pela Eletrobras, responde por 3% da geração de energia elétrica no País. Ela foi o foco da Operação Lava-Jato em sua 16ª fase. Othon, almirante da reserva da Marinha, foi um dos presos. Segundo a força-tarefa, o militar usou sua empresa Aratec para receber propina de interessados em negócios com a Eletronuclear.
A Andrade Gutierrez teria fechado 1,55 bilhão de reais em contratos e aditivos de 2009 a 2015. No mesmo período, segundo a investigação, a empreiteira transferiu 3,7 milhões de reais à Aratec – que, segundo a Receita Federal, tinha só um empregado. Os pagamentos ocorreram por meio das empresas CG, JNobre e Deutschebras.
Dois consórcios, o Una 3 e o Angra 3, foram criados para colocar a unidade de pé até 2018, com contratos de 1,7 bilhão de reais e 1,3 bilhão de reais. Esses consórcios fizeram pagamentos à firma do almirante por serviços identificados como assessoria, consultoria e tradução. A Engevix fechou seis contratos com a Eletronuclear no valor total de 136 milhões de reais. No mesmo período, pagou 765 mil reais à Aratec pela Link Projetos, além de 45,9 mil reais diretamente.
Os procuradores da Lava-Jato começaram a investigar a Eletronuclear após o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini passar a colaborar com as investigações. Segundo ele, empreiteiras organizaram um cartel para dividir contratos da Eletronuclear.
Outro lado
A Eletrobras disse, em nota, que só vai se manifestar sobre a Operação Lava-Jato “oportunamente, por meio de comunicados ao mercado ou fatos relevantes, conforme o caso”. A Andrade Gutierrez disse que tratará do caso “nos autos do processo”, e não pela imprensa. A UTC informou que não comentaria investigações em andamento. A Engevix disse que venceu os contratos com a Eletronuclear por “qualificação técnica e melhores preços”. A Camargo Corrêa justificou que efetuou pagamentos pela prestação de serviços de tradução. (Folhapress)