Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de fevereiro de 2019
Uma segunda denúncia por assédio sexual foi apresentada na segunda-feira (18) contra o núncio apostólico do Vaticano na França, monsenhor Luigi Ventura. A informação é de uma fonte da prefeitura de Paris. A Procuradoria da capital francesa abriu uma investigação contra o bispo de 74 anos, depois que um funcionário municipal alegou que Ventura o assediou durante uma cerimônia no Ano Novo. A nova vítima, segundo uma fonte que não quis se identificar, é outro funcionário municipal.
O caso teria ocorrido durante a cerimônia de Ano Novo em 2018. A acusação é de que o bispo teria apalpado as nádegas dos dois funcionários, num intervalo de um ano entre uma agressão e outra.
“Eu estava na primeira fila, a dois metros de Anne Hidalgo [prefeita de Paris], quando uma pessoa se aproximou pela esquerda. Estava ocupado, trabalhando, então não me virei. Ele colocou a mão esquerda no meu ombro e com a mão direita apertou minhas nádegas (…) com um sorriso descontraído, como se fosse algo normal. Congelei, estávamos em plena cerimônia, saí dali”, relatou o homem, que não quis ter a identidade revelada, ao jornal francês Le Monde.
“Na época, o fato não foi denunciado”, segundo a fonte da prefeitura. “Já não trabalha para nós, mas nos escreveu um e-mail para nos contar o que aconteceu e nos dizer que apresentou uma denúncia contra o bispo.”
Após a revelação do caso, que vem à tona num momento em que a Igreja Católica enfrenta em diversos países vários escândalos de abuso sexual, o jornal católico francês La Croix diz que recolheu testemunhos de outras supostas vítimas de Ventura. Todos alegam ter vivido experiências semelhantes.
Ventura é o representante diplomático da Santa Sé na França desde 2009. Antes disso, foi padre no Brasil, Bolívia e do Reino Unido. Mais tarde, serviu como núncio apostólico na Costa do Marfim, no Burkina Faso, no Níger e no Chile.
Uma fonte do Judiciário confirmou que uma investigação preliminar contra Ventura está em andamento. O Vaticano soube da investigação pela mídia, disse o porta-voz Alessandro Gisotti. “A Santa Sé está esperando a conclusão da investigação”, acrescentou. O papa Francisco vem sendo criticado pela maneira como a Igreja Católica está tratando de uma crise de abusos sexuais duradoura.
Além disso, Francisco admitiu o abuso de freiras cometido por padres e revelou o caso de uma ordem religiosa na França onde as freiras eram mantidas como escravas sexuais.