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Brasil Um miliciano ligado a Flávio Bolsonaro está na mira da Receita Federal

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Pedido foi feito à Justiça de Esplanada, na Bahia, onde o ex-capitão do Bope foi morto em operação da polícia (Foto: Reprodução)

A Receita Federal vai ampliar a cooperação com o MP (Ministério Público) do Rio de Janeiro e investigar os envolvidos na operação Os Intocáveis, que tem como foco a atuação de milícias no Estado. Dentre os alvos está o ex-capitão da PM (Polícia Militar) Adriano Magalhães da Nóbrega, 42 anos, apontado como líder de grupo criminoso conhecido como “Escritório do Crime”.

A mãe e a mulher de Nóbrega (expulso da corporação em 2013, por envolvimento com bicheiros) trabalharam no gabinete que o hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro – ocupava até 31 de janeiro deste ano na Assembleia Legislativa fluminense.

Conforme revelou o jornal “O Estado de S. Paulo” no mês passado, a Receita já atuava na análise das movimentações financeiras dos citados no relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeira) que apontou transações atípicas na conta de Fabrício Queiroz, também ex-assessor de Flávio.

A força-tarefa prendeu cinco suspeitos de integrar uma milícia que atua em Rio das Pedras, na Barra da Tijuca. Nóbrega, porém, continua foragido. Segundo a Promotoria do Rio de Janeiro, o grupo atuava na grilagem de terras, na compra, venda e aluguel irregular de imóveis, na cobrança de taxas da população local e na receptação de mercadoria roubada, dentre outros crimes.

A mulher do ex-capitão, Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, trabalhou no gabinete de Flávio de 6 de setembro de 2007 até 14 de novembro do ano passado. Já a mãe de Nóbrega, Raimunda Veras Magalhães, esteve lotada no mesmo gabinete de 11 de maio de 2016 também até 14 de novembro de 2018.

Ambas recebiam salário de R$ 6,49 mil. Raimunda é citada no relatório do Coaf que investiga corrupção no Legislativo fluminense. Ela repassou R$ 4,6 mil para a conta bancária de Queiroz.

A entrada da Receita no caso segue o padrão adotado desde a Operação Lava-Jato, em que o foco dos investigadores é o caminho do dinheiro de grupos criminosos. Como o Fisco tem o maior banco de dados fiscais, bancários e patrimoniais do País, seus relatórios são considerados os mais completos para auxiliar nas investigações.

No caso da milícia, a atuação do órgão poderá rastrear todos aqueles que fizeram algum tipo de transação, não só com os suspeitos de integrar o grupo, mas também com parentes, pessoas próximas ou empresas ligadas a eles.

Em busca de possíveis crimes tributários, os auditores devem produzir relatórios para subsidiar o trabalho dos promotores com o mapeamento do caminho do dinheiro movimentado. Ao jornal, uma fonte com acesso à investigação afirmou que já foram realizadas algumas reuniões entre investigadores e a Receita para tratar da cooperação no caso.

Homenagem às milícias

Enquanto era deputado estadual, o filho de Bolsonaro, em discursos na Assembleia do Rio em 2006 e 2007, disse que “um milícia nada mais é do que um conjunto de policiais buscando expurgar do seio da comunidade o que há de pior: os criminosos”. Ainda segundo declarações do hoje senador, não seria “justa essa perseguição aos milicianos”.

Como parlamentar na Assembleia do Rio, Flávio apresentou moções honrosas a outros quatro policiais que se envolveram em irregularidades. Em 2017 e 2018, o então deputado estadual pediu à Mesa Diretora da Casa que fossem concedidas moções parabenizando os PMs Leonardo Ferreira de Andrade e Bruno Duarte Pinho – os dois foram alvo, em agosto do ano passado, da operação Quarto Elemento, do Ministério Público.

Coaf

No outro caso em que a Receita já coopera com o MP sobre a movimentação financeira de assessores da Assembleia, entre eles ex-funcionários de Flávio, os auditores iniciaram nos últimos dias a análise de dados. Há dois focos de investigação.

Na esfera criminal, a apuração é conduzida pelo promotor Luis Otávio Figueira Lopes e apura possível prática de peculato, quando um servidor se apropria de dinheiro público. Segundo o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, Flávio ainda não é diretamente investigado neste caso. No área cível, o senador é alvo por suposto ato de improbidade.

Uma fonte disse que, ao mapear o caminho do dinheiro que abasteceu as contas de Queiroz e de outros assessores da Assembleia do Rio, o Fisco poderá contribuir na apuração sobre a suposta existência de um esquema de contratação ilegal de servidores para posterior devolução de parte dos vencimentos. Essa hipótese, como mostrou o Estado, já era investigada pela Polícia Federal antes de o caso ser enviado à esfera estadual.

A Promotoria do Rio também tem como uma das linhas de investigação a de que Queiroz e assessores de outros deputados com movimentações mais elevadas centralizavam o recebimento de parte dos salários de seus colegas de gabinete.

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