Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de março de 2019
O governo da Venezuela expulsou do país, nesta quarta-feira (6), o embaixador da Alemanha Martin Kriener, provocando protestos do governo alemão. Em outra ação, o regime chavista libertou e ordenou a deportação para Miami (EUA) de Cody Weddle, um jornalista norte-americano que vivia em Caracas e colaborava com diversas publicações internacionais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e das agências de notícias Reuters, AFP e Efe.
Kriener foi comunicado que teria 48 horas para deixar a Venezuela depois de ter liderado um grupo de diplomatas europeus e latino-americanos na recepção ao líder opositor Juan Guaidó no Aeroporto de Maiquetía, na segunda-feira (4). A Alemanha é um dos mais de 50 países que reconhecem o presidente da Assembleia Nacional como presidente interino do país.
Guaidó retornou à Venezuela depois de passar nove dias viajando por Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador, discutindo a crise venezuelana com líderes regionais. Proibido pelo presidente Nicolás Maduro de deixar o país, ele viajou sem problemas à Venezuela e convocou para sábado novos protestos contra o governo.
Logo depois que Guaidó declarou-se presidente interino do país, em janeiro, o governo americano alertou Caracas de que haveria “sérias consequências” contra a Venezuela se o chavismo decidisse prendê-lo ou ameaçá-lo fisicamente. Mesmo com a retórica de que Guaidó seria processado e impedido de deixar o país, nada aconteceu.
Contra os alemães, no entanto, a reação chavista foi mais dura. Em comunicado, o governo venezuelano afirmou que sua decisão se deve a “recorrentes atos de ingerência nos assuntos internos do país pelo diplomata que, “em desacato, compareceu ao Aeroporto Internacional de Maiquetía para testemunhar a chegada do deputado Juan Guaidó”.
“A Venezuela considera inaceitável que um representante diplomático estrangeiro exerça em seu território um papel público mais típico de um líder político em clara sintonia com a agenda conspiratória de setores extremistas da oposição venezuelana”, diz a nota.
O governo alemão, por sua vez, anunciou que consultará aliados europeus para saber como responder à expulsão do embaixador. “É uma decisão incompreensível, que agrava a situação, em vez de amenizar tensões”, disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas. “O apoio alemão a Guaidó é inabalável.”
Em sessão na Assembleia Nacional, que é controlada pela oposição, o autoproclamado presidente interino disse que a expulsão é uma ameaça dos chavistas. “Hoje, o regime que usurpa funções, que não tem capacidade para declarar persona non grata a ninguém, simplesmente exerce coação”, disse Guaidó.
Segundo a emissora WPLG – afiliada da rede de televisão ABC na Flórida para a qual o jornalista Cody Weddle trabalha, o repórter foi libertado e estava no aeroporto de Maiquetía esperando um voo que o levaria de volta aos EUA. A mãe do jornalista, Sherry Weddle, que está na Virginia, disse que estava aliviada com a notícia de sua libertação.
Mais cedo, o Sindicato Nacional de Jornalistas da Venezuela (SNTP) denunciara a prisão de Weddle, em Caracas. De acordo com o sindicato, a residência do jornalista na capital venezuelana foi invadida por funcionários do serviço de contrainteligência do Exército por volta das 8 horas locais. Ele foi levado pelos militares juntamente com sua equipe de trabalho, depois de ter tido a casa revirada.
De acordo com vizinhos do jornalista, os militares que o levaram traziam uma ordem de detenção emitida por um tribunal militar venezuelano. Weddle trabalha há anos como freelancer na Venezuela e colabora com veículos como o jornal Miami Herald, o canal ABC e o diário britânico Telegraph.
Por meio do Twitter, a subsecretária de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Kimberly Breier, criticou a prisão de Weddle e exigiu sua libertação imediata. “O Departamento de Estado está profundamente preocupado com os relatos de mais uma prisão de um jornalista americano”, afirmou. “Ser jornalista não é um crime.”
Na semana passada, autoridades chavistas deportaram o jornalista mexicano-americano Jorge Ramos, da TV Univisión, o maior canal de língua espanhola dos EUA, após ele entrevistar o presidente Nicolás Maduro e fazer perguntas que desagradaram ao líder chavista. Ramos filmou venezuelanos comendo lixo, o que teria irritado Maduro.
Desde janeiro, governo americano vem alertando seus cidadãos a não viajarem para a Venezuela e disse que qualquer ameaça chavista contra o corpo diplomático dos EUA na Venezuela teria “graves consequências”.
Em Washington, o governo americano revogou 77 vistos de venezuelanos próximos a Maduro e advertiu “às instituições financeiras estrangeiras que enfrentarão sanções” se facilitarem “transações ilegítimas que beneficiem o governo venezuelano”.
“Os Estados Unidos vão revogar 77 vistos, até mesmo os de muitos funcionários do regime Maduro e suas famílias. Continuaremos fazendo o regime de Maduro prestar contas até que a liberdade se restabeleça na Venezuela”, afirmou o vice-presidente dos EUA, Mike Pence.