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Por Redação O Sul | 10 de março de 2019
O fechamento da fronteira da Venezuela por ordem de Nicolás Maduro chegou neste domingo (10) ao 17º dia, mas na prática tem impedido cada vez menos pessoas de cruzarem rumo ao Brasil.
Os caminhos clandestinos entre os dois países se popularizam dia após dia e até veículos estão chegando ao Brasil pelas chamadas “trochas”.
Na manhã de domingo, um ônibus atravessou por rotas ilegais na fronteira, chegou ao lado brasileiro com passageiros e depois retornou vazio à Venezuela. O mesmo caminho tem sido feito por carros e motos.
“Eu vim com minha esposa e meu filho porque na Venezuela eles não têm como viver. Falta de tudo. Do alimento às fraldas. O que ainda tem é caro”, disse José Micel, de 42 anos, logo após chegar ao país na carroceria de um carro.
Ele contou ter passado 10 dias em Pacaraima e depois ido à Venezuela, onde buscou a mulher e o filho. Após cruzar a fronteira, os três seguem para Boa Vista, a 215 Km de Pacaraima.
“Esperamos que no Brasil a gente tenha uma vida melhor”, declarou.
Enquanto alguns dizem vir de carona, outros relatam pagar passagens a mototaxistas e motoristas de ônibus. Em alguns casos, a travessia chega a custar R$ 50, numa viagem que dura em média 15 minutos de Santa Elena, na Venezuela, a Pacaraima.
No percurso entre os dois países, que também é feito a pé, migrantes e refugiados relatam ser vítimas de extorsão por parte de militares venezuelanos.
Por outro lado, o Exército Brasileiro, que já havia montado um posto de controle na BR-174, onde fica o principal bloqueio de homens da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), agora também está fiscalizando as rotas clandestinas.
O novo posto de fiscalização fica no lado brasileiro da fronteira, mas distante da rodovia. Nesse ponto, os militares abordam veículos e pessoas e revistam bagagens. O G1 entrou em contato com a assessoria do Exército para saber mais detalhes da ação e aguarda retorno.
Apagão e fronteira fechada
Desde a quinta-feira (7), a Venezuela sofre com um apagão que já é considerado o mais longo da história do país. O problema afeta também o estado de Roraima que é interligado ao Linhão de Guri, na Venezuela, e agora depende de termoelétricas para ter energia.
Responsável pela distribuição no estado, a Roraima Energia, informou no sábado (10) que o estado ainda não recebeu informação oficial sobre o motivo do desligamento e que não há previsão para que a energia venezuelana seja restabelecida. Ainda assim, segundo a empresa, o estado não está em risco de desabastecimento.
“Todos os dias é reposto o combustível utilizado no dia anterior. Não há risco de faltar. A autonomia de oito dias nos dá a garantia de mantermos funcionamento pleno caso haja algum problema no tráfego na estrada Manaus – Boa Vista, impedindo o tráfego de combustível”, informou a empresa.
Na Venezuela, Nicolás Maduro atribuiu a longa duração do blecaute a “ataques cibernéticos” feitos pelos Estados Unidos que teriam impossibilitado a restauração do sistema de energia elétrica.
Ele mandou fechar a fronteira com o país na noite do dia 21 de fevereiro, dois dias antes do Brasil, em cooperação com os EUA, tentar enviar medicamentos e remédios na chamada ajuda humanitária pedida por Juan Guaidó, líder da oposição e autoproclamado presidente da Venezuela.