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Por Redação O Sul | 20 de março de 2019
A discrição da cerimônia que oficializou a união entre John Lennon e Yoko Ono, há exatos 50 anos, contrastava com a enorme repercussão que o casal gerou pelo mundo. A pequena celebração em Gibraltar, segundo divulgado no dia 21 de março de 1969, foi testemunhada por apenas duas pessoas. O então cantor dos Beatles vestiu um palitó feito com cabelos humanos. O casório teve três minutos de duração, e poucas fotos foram publicadas pelos jornais. Mas a relação do músico inglês com a artista plástica japonesa renderia assunto por décadas. Hoje, meio século depois, a Universal está vias de produzir um filme baseado nesse romance, com direção de Jean-Marc Vallée, da aclamada série “Big little lies” (HBO) e do longa-metragem “Clube de compras Dallas”. Além disso, o disco “The wedding album”, terceiro trabalho do casal, será relançado ainda esta semana.
Lennon e Yoko se conheceram em 1966, durante uma mostra da escultora. O músico ficou tão fascinado que decidiu apoiar o trabalho da japonesa. Os dois ainda estavam casados com outras pessoas quando foram confirmados os rumores sobre seu romance, algo que, por si só, bastaria pra gerar alvoroço, em meio ao conservadorismo da época. Mas eles não ligavam para o falatório. Em maio de 1968, quando o movimento hippie ganhava força, os dois apareceram completamente nus na capa do disco “Unfinished Music No.1: Two Virgins”. Meses depois, em novembro, uma capa da revista “Rolling Stones” mostrava o casal pelado mais uma vez. Após o casamento, na lua-de-mel em Amsterdam, a dupla decidiu ficar na cama por sete dias para protestar contra a Guerra do Vietnã. Foi o chamado Bed-In For Peace.
Muita gente acha que a chegada de Yoko levou ao fim dos Beatles, devido à influência da artista sobre Lennon. Mas a verdade é que diversos fatores atuaram para o término, como a morte do empresário Brian Epstein, em 1967, e diferenças criativas entre os integrantes (todos estavam envolvidos com projetos paralelos). Em entrevista a uma rádio em setembro do ano passado, Paul Mccartney disse, ao comentar a presença de Yoko, que era estranho tê-la acompanhando os ensaios, no estúdio, e que ele achava a artista plástica “invasiva”. Mas o baixista entendia que seu parceiro de tantos hits estava apaixonado e que era preciso respeitar isso. Na mesma entrevista, Paul disse que estavam todos dispostos a acabar com os Beatles. Mas foi Lennon que, em setembro de 1969, durante uma reunião, avisou que estava saindo da banda. Em abril de 1970, McCartney anunciava: “É o fim”.
As negociações para filmar a história do casal foram noticiadas pelo site “Deadline”. De acordo com a página, a Universal comprou um pacote da produtora de Michael de Luca que inclui um roteiro escrito por Anthony McCarten (“Bohemiam Rhapsody” e “Teoria de tudo”). Yoko Ono será uma das produtoras, o que facilitará o acesso ao vasto material de canções deixado por Lennon. Segundo o “Deadline”, o filme deve narrar até um pouco antes da morte do ex-Beatle.
Casal estava junto quando Lennon foi morto
Ao longo dos anos 70, Lennon e Yoko continuaram se envolvendo com assuntos políticos e gravando juntos. Eles se separaram em 1973, mas voltaram a ficar juntos em 1975. No mesmo ano, nasceu Sean Lennon, único filho do casal, mas o segundo filho de Lennon, que já era pai de Julian, fruto de seu casamento com Cynthia. A chegada do caçula fez o ex-Beatle se afastar da música, mas, em 1980, ele e sua mulher estavam produzindo um novo disco. No dia 8 de dezembro, depois de uma sessão de gravação, Lennon e Yoko voltavam para o apartamento onde moravam, em Manhattan, Nova York, quando o autor de “Imagine” foi morto com quatro tiros nas costas por um suposto fã, chamado Mark David Chapman. O assassino disse, na época, que leu no o livro “O apanhador no campo de centeio”, de J.D. Salinger, uma ordem para matar o britânico. Lennon tinha, então, 40 anos de idade.