Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de março de 2019
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) foi interrogado nesta terça-feira (26) na Justiça Federal do Rio. O processo foi sobre um desdobramento da Calicute, a operação-mãe da Lava-Jato fluminense, referente a lavagem de dinheiro através de concessionárias de carro. Pela primeira vez, Cabral confirmou o recebimento de propina de uma cervejaria, confirmando a delação de seu operador financeiro Carlos Miranda. Na colaboração premiada, Miranda disse que a propina mensal do grupo era de R$ 500 mil.
Em troca, disse Miranda, a firma tinha benefícios fiscais. Mensalmente, R$ 150 mil ficavam com Ary e outros R$ 150 mil com Miranda, enquanto o restante era da “caixa geral de propina”. “Já o grupo Petrópolis, sim. Tinha propina. Houve ajuda em campanha eleitoral e, de fato, havia esse recurso, como o Carlos Miranda falou no depoimento dele que parte era para lavagem de dinheiro, outra parte ficava para o Ary e outra para gastos do caixa”, disse.
O ex-governador também admitiu a existência de um esquema de lavagem de dinheiro para pagar funcionários pessoais. Alguns deles eram contratados como comissionados, mas tinham um “bônus” pago pelo esquema. “Tenho conhecimento dos fatos [de lavagem], eram pessoas da minha relação, intimidade, que conviviam comigo e cuidavam do dinheiro da propina, do meu dinheiro pessoal. Dona Sônia, o Sérgio e Carlos Miranda e o Ary também”, afirmou. “Eram pessoas que eu ficava mais atento [com os salários]”.
Sérgio Cabral voltou a manifestar, no depoimento, o que chamou de nova postura e arrependimento. “[Quero] agradecer à minha defesa e ao senhor a oportunidade de poder contar ao senhor a verdade dos fatos e à sociedade, representada aqui pela imprensa”.
Outro lado
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Grupo Petrópolis informou que não obteve qualquer benefício fiscal ou financeiro durante o governo de Sérgio Cabral. A empresa também afirma que “sempre atuou de acordo com a legislação e suas relações com o Estado do Rio de Janeiro foram pautadas pelos critérios de geração de empregos para a região, razão pela qual nunca precisou de qualquer subterfúgio para atuar no Estado”.
Já o ex-governador, Luiz Fernando Pezão, negou o recebimento de qualquer valor a título de propina. A defesa de Wilson Carlos disse que ele nega “veementemente” as afirmações de Serjão.