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Por Redação O Sul | 26 de março de 2019
A chegada de dois aviões da Força Aérea russa carregados de militares e armamentos à Venezuela, no último fim de semana, gerou uma série de especulações e reacendeu o temor de uma escalada da tensão internacional.
A crise no país se agrava desde janeiro deste ano, quando o líder oposicionista Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino, acusando Nicolás Maduro de usurpar o poder por meio de eleições ilegítimas.
O cenário da Venezuela, que vem sofrendo com diversos apagões, expôs a rivalidade do país sul-americano com os Estados Unidos e seus aliados (que apoiam Guaidó); por outro lado, Rússia, Cuba e China seguem, por razões diversas, dando suporte ao governo chavista.
A presença militar russa na Venezuela foi alvo de protestos do secretário de Estado americano, Mike Pompeo – os EUA foram os primeiros a reconhecerem Guaidó como presidente interino.
Em conversa por telefone com o ministro das Relações Exteriores russo, Serguéi Lavrov, Pompeo disse que Washington “não ficaria de braços cruzados, enquanto a Rússia exacerbava as tensões na Venezuela”.
Os Estados Unidos afirmam que todas as cartas estão na mesa, sem descartar uma eventual ação militar do país sul-americano. Essa posição é partilhada pelo Brasil.
Como a Rússia armou a Venezuela chavista
A colaboração militar da Rússia com a Venezuela chavista não é novidade. Os russos foram, junto com os chineses, os principais fornecedores de material bélico para Caracas desde a Revolução Bolivariana, liderada por Hugo Chávez, quando chegou ao poder em 1999.
Disposto a transformar a Venezuela em uma potência regional capaz de contrapor o poder dos EUA, Chávez investiu uma grande quantia proveniente das receitas de petróleo na modernização da Fanb (Força Armada Nacional Bolivariana).
Por anos, a Rússia abasteceu o país com vários modelos de aeronaves e helicópteros, assim como tanques e unidades de artilharia.
Uma das principais contribuições russas foi a venda de caças Su-30Mk2 que, de acordo com especialistas, era capaz de competir com os aviões de combate americanos mais avançados, graças ao seu poder de fogo, capacidade de manobra e desempenho. A indústria militar russa forneceu ainda tanques e unidades de artilharia.
Além disso, as Forças Armadas venezuelanas adotaram os fuzis kalashnikov, possivelmente a arma russa mais fabricada no mundo, e concordaram até mesmo em construir uma unidade para produção do mesmo na cidade de Maracay.
Crise
A falta de recursos colocou em xeque a capacidade operacional das equipes venezuelanas, algo que o governo Nicolás Maduro parece interessado em resolver, depois de os Estados Unidos terem insistido em manter aberta a possibilidade de uma intervenção militar para promover a troca do atual governo.
De acordo com a agência de notícias estatal russa Sputnik, uma fonte anônima da embaixada russa em Caracas disse que “a Rússia tem vários contratos em vias de terminar, contratos de natureza militar”.
Uma das hipóteses levantadas pelos analistas para explicar a chegada do último contingente russo é que se trata de uma equipe dedicada a concretizar o planejamento de manter em dia os equipamentos que a Venezuela já comprou da Rússia.