Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de abril de 2019
O presidente Jair Bolsonaro está sendo mais esperto que os seus assessores. Após o lançamento da PEC da Previdência, ele esperou a reação a alguns temas polêmicos, como a capitalização. Como veio uma resposta muito forte, justificada pelo plano de capitalização implantada no Chile não deu certo. Lá, as aposentadorias estão achatadas tanto quanto aqui.
A oposição ao governo Bolsonaro atacou a nova proposta, mas o achatamento das aposentadorias veio exatamente no período em que os partidos de esquerda (PCdoB, PT, PDT, PSB) estavam na gestão. Agora, essa turma se coloca contra a reforma, embora não tenha credibilidade. E, quem a tem para criticar sabe que a capitalização, no Brasil, tem tudo para não funcionar. Vamos deixar bem claro: nós somos um país corrupto. Altamente corrupto. O jogo de interesses em Brasília é brutal. Os bancos e banqueiros têm um poder devastador de regulação na capital federal. Os sindicatos fazem e acontecem no país, mesmo que os legisladores tentem “botas as coisas em ordem”.
O Brasil, por conta disso, é um país que tem deformações estruturais graves. A capitalização, por ter parte da fiscalização do governo e parte da iniciativa privada, é muito frágil. E, no Brasil, não daria certo por causa disso. O dinheiro iria sumir. Nós temos que assumir que somos um país corrupto, absolutamente deformado na sua essência, e o sistema proposto pela reforma exige um processo de maturidade muito avançado. A capitalização funciona em países de primeiro mundo, onde há uma regulação rigorosa, uma justiça rápida e atenta e órgãos de monitoramento e controle atuantes, o que não acontece por aqui. Então, diante dessa realidade, acredito que o regime de capitalização, no Brasil, não funcionaria, embora seja uma boa ideia para países desenvolvidos.
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