Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2015
Técnicas secretas de agências de inteligência para espionar telefones celulares raramente vêm a público. Mas uma empresa de segurança britânica mostrou como funciona uma ferramenta vendida a governos de todo o mundo e que vazou na internet por obra de hackers. Ela permite que espiões tirem fotos secretas com a câmera de um telefone e gravem conversas com microfones sem que o dono do telefone saiba.
O software, feito pela empresa italiana Hacking Team, foi roubado por hackers e publicado na internet. Praticamente qualquer dado em um telefone, tablet ou computador pode ser acessado pela ferramenta. Joe Greenwood, da empresa de segurança 4Armed, decidiu fazer o teste.
O software consiste em um console de vigilância, que mostra dados retirados de um aparelho hackeado, e de um malware plantado no aparelho que é alvo do “grampo”. A 4Armed destacou que, apesar de o programa estar agora disponível na rede, usar a ferramenta para espionar alguém é contra a lei.
Possibilidades.
Após testar o software em seu computador, Greenwood logo percebeu suas inúmeras possibilidades. “Você pode fazer download de arquivos, gravar áudios de microfones, imagens de webcam, ver sites visitados e quais programas estão sendo usados e ainda interceptar chamadas do Skype”, disse.
O software tem até alguns atributos que permitem monitorar pagamentos por bitcoins, mas pode ser difícil associar os pagamentos a um indivíduo sem dados adicionais sobre quando e como as transações foram feitas.
“Podemos tirar fotos sem que eles saibam. A câmera de trás fica rodando, tirando fotos em alguns segundos”, explica Greenwood. Também foi possível ouvir ligações, acessar a lista de contatos e monitorar os sites que o usuário visitou. Tanto Greenwood como o diretor técnico da 4Armed, Marc Wickenden, disseram que estavam surpresos pela simplicidade da interface.
Mas os dois apontam que clientes poderiam estar pagando até 1 milhão de libras (cerca de 5,4 milhões de reais) pelo software e seria de se esperar que ele tivesse uma interface prática, principalmente se a ideia fosse ele ser usado por agentes de segurança durante uma investigação.
Para o usuário que está sendo rastreado, porém, há poucas maneiras de notar que está sob vigilância. Um sinal de perigo, segundo Greenwood, é um aumento súbito no uso de dados de rede, indicando que informações estão sendo enviadas para algum lugar no plano de fundo do aparelho.
Sofwares espiões como esses só costumam ser usados com telefones e computadores que estejam sendo alvo de um agência de inteligência. Segundo Greenwoog, antes de ele vazar, não havia motivos para que pessoas que não eram suspeitas de crimes fossem espionadas.
Pegador de espiões.
Mesmo assim, a partir de agora, há mais chances de a versão do spyware distribuída on-line ser detectada por programas antivírus, porque empresas estão analisando o código fonte que vazou e devem adaptar seus sistemas para reconhecê-lo.
O especialista em segurança Graham Cluley disse que será tão fácil detectá-lo como qualquer outro malware. “O perigo é que hackers maliciosos peguem o código e o aumentem, ou mudem, para que não se pareça mais com a versão do Hacking Team, o que pode evitar que sejam detectados.” A melhor coisa a fazer, segundo Cluley, é manter os sistemas operacionais e os softwares atualizados. (AG)