Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de abril de 2019
Aos 17 anos, Yasmim Gabrielle decidiu interromper a própria vida, depois de sete anos lutando contra a depressão. A jovem perdeu a mãe em 2012, vítima de câncer, e, anos depois, o irmão mais velho veio a falecer pela mesma razão. Desde então, ela morava com o pai e a irmã mais nova. Yasmin ficou conhecida nacionalmente após aparições no programa Raul Gil, que, na época, recrutava talentos mirins através de apresentações artísticas. Carismática e sorridente, a adolescente chegou a trabalhar como assistente de palco no programa. Foi resgatado, na internet, um vídeo em que a jovem se emociona ao falar sobre a mãe e o irmão:
Com a notícia da morte, o perfil no Instagram de Yasmim serve como alerta para casos como o dela. Além de comentários apoiando a família, muitas pessoas relataram estar na mesma situação, e, inclusive, cogitando o suicídio como opção. “O próximo sou eu, não aguento mais” e “Me ajudem por favor, estou muito sozinho preciso de ajuda to tentando faz dias me suicidar e vendo depois essa moça ainda mais me deu vontade!” são alguns dos comentários na última foto publicada pela jovem, em 12 de abril deste ano.
Apenas no Brasil, mais de dois milhões de pessoas vivem os sintomas do transtorno, por ano. Entre eles, estão alterações no humor, tristeza profunda, perda de interesse em atividades do dia-a-dia, mesmo se tratando de práticas que até então eram estimulantes para o indivíduo. Alguns comentários no perfil da jovem ligam a doença com “falta de Deus”, quando, na verdade, a depressão se trata de uma doença psiquiátrica crônica, e, como qualquer outra doença crônica, tem tratamento, mas não tem cura. Ainda assim, ela é estigmatizada e diminuída, como Yasmim relatou em uma publicação no Facebook: “A depressão só é vista como doença quando a pessoa se mata. Enquanto ela está sofrendo, é só frescura e ingratidão”. Ainda na rede social, ela publicou, em celebração ao próprio aniversário de 16 anos, um texto, onde digitou: “E que venha as dificuldades pois posso não estar totalmente pronta mas juro que vou sobreviver a elas, obg por mais um ano de vida Deus”.
Na semana passada, o Brasil se solidarizou com o quadro clínico do humorista Whindersson Nunes, que compartilhou com os fãs: “Eu sinto um angústia todos os dias, todos os dias, algumas risadas, algumas brincadeiras e depois lá estou eu de novo com esse sentimento ruim”. “Eu me sinto tão triste, tão triste”, ele relatou, afirmando estar tentando se ajudar, mas se sente mal por não poder. A esposa, Luísa Sonza, prestou uma homenagem ao amado no Instagram: “tudo vai passar, só vai ficar o bom da vida”, ela escreveu.
Diferente do que o senso comum propõe, a depressão pode afetar qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer classe social. Whindersson, por exemplo, vivia, aparentemente, a melhor fase da vida, com diversos shows marcados, ganhando muito dinheiro e viagens agendadas.
Como ajudar pessoas nessas condições?
Além de indicar centros gratuitos para auxiliar no tratamento, como o “Centro de Valorização da Vida”, “ADDS” (Apoio ao Diagnóstico de Depressão e na Definição de Risco de Suicídio) e “ASSIM” (Associação Instituto Movimento), o Facebook e o Instagram prestam suporte aos usuários através do “Prevenção de Suicídio”, e do link de pesquisa para termos “ansiedade” e “depressão”. No último, após digitar qualquer uma das palavras, o Instagram direciona o perfil para uma página, onde existe material de apoio e pessoas dispostas a conversas. Na foto, o texto descreve: “Se você acha que depressão é frescura, quem precisa de tratamento é você”.
No dia a dia, é importante lembrar aqueles que convivem com pessoas que estão nesta situação de que a superação da doença acontece em períodos de tempo diferentes para cada indivíduo, por isso, o respeito é o mais importante. Sem comparações, sem pressão. Respeite o tempo do outro, dê apoio, dê suporte, incentive. Demonstre que se importa e, principalmente, que o outro é importante para você.
Para quem está precisando de apoio, as opções mostradas acima são ágeis e podem ajudar temporariamente, mas, ainda assim, a ajuda de profissionais da área, como psicólogos e psiquiatras, é fundamental.
*Estagiária sob supervisão de Marjana Vargas