Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2019
Com a celebração do “Dia Mundial sem Tabaco” nesta sexta-feira, a SES (Secretaria Estadual da Saúde) reitera os alertas para os riscos do consumo de cigarros e similares, além de orientar sobre as opções de tratamento para quem quer deixar de fumar. As iniciativas estão alinhadas às orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer).
A questão tem grande relevância no Sul do Brasil, onde se encontra o maior número de fumantes em comparação com as demais regiões. Os levantamentos apontam que o Rio Grande do Sul – e especialmente Porto Alegre – apresenta os maiores índices de tabagismo, tanto do sexo masculino quanto do feminino.
“Enquanto em capitais como Aracaju os índices ficam abaixo de 10%, na capital gaúcha a média é de 16%”, ressalta o médico Luiz Carlos Corrêa da Silva, da Santa Casa de Porto Alegre, e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia.
Maior fator de risco para doenças e mortalidade, o tabaco teve seu consumo reduzido nas últimas três décadas, mas segue sendo fator de preocupação na área da saúde. Dados do Inca apontam para um decréscimo de 35% para cerca de 10% de usuários entre a população adulta.
“Isso significa que o tabagismo vem encolhendo, o que é importante, mas ainda temos 18 milhões de fumantes, o que é muita gente”, contabiliza o especialista. “De cada duas pessoas fumantes, uma vai morrer em consequência do tabaco.”
Porto Alegre
A capital gaúcha é a terceira do País em número de fumantes e a primeira em fumantes pesados (fumam mais de 20 cigarros por dia), conforme a coordenadora do Programa Estadual de Controle ao Tabagismo da SES, Andréia Volkmer: “Nosso programa atua na prevenção, para que as pessoas não adquiram o hábito de fumar, e ainda acolhe as que fumam para que possam, através de uma abordagem de tratamento, deixar de fumar”.
Ela revela que, no último quadrimestre, foram atendidos cerca de 7 mil tabagistas oriundos de 216 municípios gaúchos. O atendimento é feito nas unidades básicas de saúde com grupos de fumantes. Em 2019, a proposta é aumentar o número de municípios com esse tipo de acolhimento.
Doenças crônicas
As DCNY (Doenças Crônicas Não Transmissíveis) apresentam um forte vínculo com o tabagismo. Dentre elas estão problemas cardiovasculares, cerebrovasculares, câncer (em diversos órgaos) e enfisemas. Conforme o pneumologista Luiz Carlos Corrêa da Silva, mais de 70% das mortes humanas por causas não externas tem esse tipo de causa.
“Para a OMS, se as pessoas parassem de fumar, essas doenças diminuiriam mais de 30%”, explica, sublinhando que esse índice seria de aproximadamente 90% no que se refere ao câncer de pulmão e outras DPOC (Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas). “As pessoas precisam se dar conta de que estão atentando contra sua saúde e sua vida.”
Câncer de pulmão, da laringe e da cavidade bucal têm alta prevalência entre fumantes, assim como doenças dos brônquios, enfisema pulmonar, doenças do tecido pulmonar e fibrose pulmonar. Uma moléstia que não se tinha ideia de apresentar relação com o tabagismo é a tuberculose, mas agora se sabe que ocorre três vezes mais em fumantes do que não fumantes.
Terapia em grupo
O médico de família e comunidade da Unidade Básica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Francisco Arsênio de Oliveira, destaca a importância da terapia em grupo entre tabagistas dispostos a parar. Ele trabalha com grupos abertos em que são discutidas formas de lidar com a abstinência da nicotina. O tratamento para o fumante começa com a vontade de parar de fumar:
“Cada paciente deve criar o seu método para conseguir parar, descobrir sua principal motivação. Trabalhamos com a disseminação de informações e com medicação, mas não existe medicação mágica. Se não tiver vontade, não vai conseguir. É muito fácil parar de fumar. O mais difícil é permanecer longe do cigarro depois de ter parado”.
(Marcello Campos)