Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de junho de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Por que junho se chama junho? Porque homenageia Juno, a primeira-dama do Olimpo. Casada com Zeus, o deus dos deuses, ela acompanha o maridão nas idas e vindas mundo afora. Sabe por quê?
Ele adora namorar as moças bonitas. Ao ver uma, dá um jeitinho de distrair a mulher. E, livre, joga o charme divino sobre as jovens. Teve, por isso, muitos romances e montões de filhos.
Quando descobre a infelicidade, Juno poupa o marido. Faz de conta que não sabe de nada — para manter a aliança na mão esquerda. Separação e divórcio não passam pela cabeça dela. Mas vingança sim. A deusa pune sem piedade a rival e os filhos. Hércules foi uma das vítimas.
Por ser a defensora do casamento, os casais a adoram. Muitos lhe prestam homenagens. Os romanos lhe deram um senhor presente. É o sexto mês do ano. Pra lembrar Juno, junho se chama junho.
Pega pra capar
É briga de cachorro grande. De um lado, o ministro da Cidadania, Osmar Terra. De outro, a Fiocruz, centenária instituição de pesquisa brasileira. Ela fez um levantamento sobre o uso de drogas no país. Ele questionou o resultado.
O assunto, claro, virou notícia. A manchete: “Osmar Terra pôs em xeque a pesquisa da Fiocruz”. Na hora de escrever, ops! Xeque ou cheque? As duas grafias existem. Mas dão recados diferentes.
Cheque é de banco. Pode ter fundos ou não. Daí cheque com fundos, cheque sem fundos (não fundo). Xeque é a jogada de xadrez (xeque-mate) ou o título de poderosos árabes (xeque saudita).
Lá da Pérsia
Xeque vem do persa xãh. Significa rei. No idioma do Irã, deu xá – título que se dava ao mandachuva do país antes da revolução dos aiatolás. Daquelas bandas veio o jogo de xadrez. Daí a expressão xeque-mate (o rei está morto).
Do Irã, Sua Majestade deu uma voltinha pelo árabe. Virou xeque ou sheik. Na língua do Corão, quer dizer chefe, ancião, soberano. Em Pindorama, a palavra ganhou fama com a novela O sheik de Agadir. Faz muito tempo.
Por falar em pesquisa…
Pesquisa se escreve com s. Civilizar com z. Por quê? A chave da resposta se encontra no nome que dá origem ao verbo. Pesquisar deriva de pesquisa. Ora, se pesquisa tem s no radical, nada mais justo que ele se mantenha no verbo. É o caso de bis (bisar), catálise (catalisar), análise (analisar), liso (alisar), improviso (improvisar). O is faz parte da palavra primitiva. O verbo se formou com o acréscimo do ar. Viu? O sufixo -isar não existe.
Civilizar joga em outro time. Sem s no radical, precisa de uma ponte. É o -iz, que aparece em amenizar (ameno), capitalizar (capital), humanizar (humano), canalizar (canal), simbolizar (símbolo).
Alguns são privilegiados. Têm o z no radical. Nada mais justo que respeitar a família. É o caso de cicatriz (cicatrizar), deslize (deslizar), juízo (ajuizar), cicatriz (cicatrizar), raiz (enraizar). Etc. e tal.
Moral da história: o emprego de -isar e -izar é questão de família.
Verdinhas
O Banco Central estuda a permissão de abertura de contas em dólares no Brasil e em reais no exterior. Só para empresas. A propósito, vale a dica. Nome de moeda é vira-lata. Escreve-se com a letra inicial pequenina: o real, o dólar, o dinar, a lira, o peso.
Leitor pergunta
Ao escrever o numeral mil, devo escrever um (um mil)? Ou basta mil?
Vicente Sena, Floripa
Na correria do dia a dia, tempo é o maior luxo. Por isso, embarque na contemporaneidade — menor é melhor, menos é mais. Evite um em um mil. Basta mil. A partir de dois, o numeral concorda com o substantivo: dois mil homens, duas mil crianças.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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