Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2019
O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse, nesta segunda-feira (10), que uma possível demissão de Sérgio Moro do Ministério da Justiça jamais foi discutida no governo. “Jamais foi tocado nesse assunto”, afirmou ao ser questionado sobre a possibilidade de Moro deixar o cargo.
De acordo com o porta-voz, o ministro deve se reunir com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nesta terça-feira (11), quando apresentará explicações sobre troca de mensagens com procurador Deltan Dallagnol, do MPF (Ministério Público Federal).
Conversas atribuídas a eles foram divulgadas no domingo (09) pelo site Intercept Brasil. Na reportagem, Moro e o procurador trocam colaborações quando o ministro ainda atuava como juiz na Operação Lava-Jato. O porta-voz disse ainda que Bolsonaro não vai se pronunciar sobre o conteúdo das mensagens e que aguarda uma conversas pessoalmente com seu auxiliar. “O presidente não se pronunciará e aguardará o retorno do ministro Moro para conversa pessoalmente”, afirmou Rêgo Barros.
O porta-voz disse que Bolsonaro conversou por telefone com Moro, que está em viagem a trabalho em Manaus e o convidou para uma conversa nesta terça-feira. “Ele fez contato com ministro Sergio Moro e, a partir de amanhã, se colocará à disposição”, disse.
Rêgo Barros afirmou “desconhecer” se Bolsonaro leu as matérias que relatam as conversas entre Moro e Deltan. O porta-voz foi questionado ainda sobre se o governo tem alguma estratégia para evitar que o vazamento das mensagens impacte o calendário de votações no Congresso. “O presidente não teve a oportunidade de compartilhar dos fatos com o ministro Sérgio Moro, então o governo não tem nenhum planejamento de momento sobre isso”, disse.
OAB
Conselho Federal e o Colégio de Presidentes Seccionais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) aprovaram nesta segunda-feira, por unanimidade, a recomendação para o afastamento dos cargos públicos de todos os envolvidos no caso dos diálogos entre integrantes da Lava-Jato divulgados pelo site The Intercept.
A nota pública aprovada não cita nominalmente o ministro da Justiça, Sérgio Moro, nem o procurador da República Deltan Dallagnol, cujas conversas foram divulgadas. Na nota, a OAB manifesta “preocupação” e “perplexidade” tanto com o conteúdo dos diálogos quanto com a possibilidade de as autoridades terem sido “hackeadas”. Para a entidade, esses fatos trazem “grave risco à segurança institucional” e “ameaçam os alicerces do Estado Democrático de Direito”.
A OAB decidiu ainda que “não se furtará em tomar todas as medidas cabíveis para o regular esclarecimento dos fatos, especialmente junto ao STF (Supremo Tribunal Federal), PGR (Procuradoria-Geral da República), CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e CNJ (Conselho Nacional de Justiça)” para garantir que os fatos sejam esclarecidos.
“Não se pode desconsiderar a gravidade dos fatos, o que demanda investigação plena, imparcial e isenta, na medida em que estes envolvem membros do Ministério Público Federal, ex-membro do Poder Judiciário e a possível relação de promiscuidade na condução de ações penais no âmbito da Operação Lava-Jato. Este quadro recomenda que os envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita”, diz a nota.