Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de junho de 2019
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que é “zero” a possibilidade de demitir o ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, diante do vazamento de conversas atribuídas ao então juiz sobre detalhes da Operação Lava-Jato. Bolsonaro disse ainda que mantém a promessa de indicar o auxiliar ao STF (Supremo Tribunal Federal). “É uma possibilidade muito grande.”
Segundo o presidente, a revelação dos diálogos não compromete o ministro. Ele disse acreditar que Moro seria o primeiro a lhe dizer que fez algo errado. “Ele não inventou nada. Não inventou provas. Ele não precisa inventar provas. Ele trocou diálogos com algumas pessoas”, disse Bolsonaro. “Acredito nele. E o Brasil deve muito a Moro”, declarou o presidente.
A divulgação das supostas mensagens trocadas entre Moro e Deltan Dallagnol, coordenador da Lava-Jato em Curitiba, causou desgaste político ao ex-juiz e atual ministro da Justiça e levou o corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público a instaurar um procedimento preliminar para apurar “eventual desvio na conduta” do procurador e de outros membros da força-tarefa em Curitiba.
Segundo reportagem publicada pelo site The Intercept Brasil, diálogos mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava-Jato por meio de mensagens entre 2015 e 2018. O site – que tem entre seus fundadores Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil que é um dos autores da reportagem – afirmou que recebeu o material de fonte anônima.
Após o vazamento, Moro se tornou alvo da oposição, que tenta reunir apoio para instaurar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso para investigar o caso. O ministro afirmou não ver ilicitude nos diálogos e disse que conversava “normalmente” também com advogados e delegados, inclusive por aplicativos.
Apoio
Bolsonaro repetiu o argumento aos jornalistas. “Não vejo maldade do lado de cá em advogado conversar com policial, promotor, e apresentar denúncia robusta. Tem que conversar para resolver o problema”, disse. O presidente demorou quatro dias para se pronunciar sobre o caso e chegou a interromper uma entrevista na semana passada ao ser questionado sobre o tema. A mudança de postura levou em consideração o apoio popular a Moro.
O monitoramento das redes sociais recebido pelo Palácio do Planalto apontou que apoiadores do presidente passaram a defender o ministro quando falavam do episódio e o que importava para eles era que “bandidos estão presos”. “Após o vazamento, fui no evento da Batalha Naval do Riachuelo. Estivemos juntos. Depois ele vestiu a camisa do Flamengo e foi ovacionado. São gestos que valem mais do que palavras”, disse Bolsonaro.