Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de junho de 2019
O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (15) que o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Joaquim Levy, está com a “cabeça a prêmio”. Bolsonaro deu a declaração no momento em que deixava o Palácio da Alvorada, em Brasília, e se dirigia à Base Aérea para viajar para o Rio Grande do Sul.
“Eu já estou por aqui com o Levy”, disse o presidente. Em seguida, Bolsonaro acrescentou: “Governo tem que ser assim, quando bota gente suspeita em cargos importantes. E essa pessoa, como o Levy, vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e àquilo que conhece a meu respeito. Ele está com a cabeça a prêmio já tem algum tempo”.
Levy no BNDES
Joaquim Levy tomou posse em janeiro como presidente do BNDES. Ainda no ano passado, quando Levy foi escolhido para o cargo, Bolsonaro disse que quem havia “bancado” a indicação dele era Paulo Guedes, atual ministro da Economia. Levy comandou o Ministério da Fazenda no segundo mandato de Dilma Rousseff e deixou o cargo após 11 meses.
Nesta semana, Bolsonaro demitiu dois importantes colaboradores. Primeiro, o general Carlos Alberto Santos Cruz, então ministro da Secretaria de Governo, na quinta-feira (13), por suas desavenças com o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e com o guru ideológico do governo, Olavo de Carvalho. No dia seguinte, demitiu o presidente dos Correios, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, por considerar sua atitude típica de “sindicalista”.
Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, lembrou que Bolsonaro apresentava como promessa de campanha “abrir a caixa-preta” do BNDES. O governo, ressaltou, já tem seis meses e isso ainda não aconteceu. Bolsonaro costuma dizer que houve problemas em empréstimos do BNDES para Cuba, Venezuela e os chamados “campeões nacionais”, como Joesley Batista.
“Ninguém fala em ‘abrir a caixa-preta’ e ainda nomeia um petista. Então, fica clara a compreensão da irritação do presidente”, disse Guedes. “O grande problema é que Levy não resolveu o passado nem encaminhou uma solução para o futuro”, ressaltou. O “passado”, segundo Guedes, seria abrir a “caixa-preta”. Em relação ao “futuro”, conforme o ministro, seria tratar de temas como privatizações, infraestrutura, saneamento e ajudar a reestruturação de Estados e de municípios.
Indicação
Desde o primeiro momento, havia resistência de Bolsonaro a Levy por ele ter sido ministro de Dilma Rousseff e secretário de Sérgio Cabral. Para Guedes, em atenção, Bolsonaro decidiu bancar a nomeação de Levy.
Bolsonaro está incomodado há muito tempo com o fato de Levy não ter feito o que considera uma “mudança significativa” em cargos importantes do BNDES. Bolsonaro recebeu uma mensagem de um amigo dizendo o seguinte: ‘Quem diria ver no governo Bolsonaro o BNDES comandado por petistas”.
Isso irritou profundamente o presidente, que chegou a ligar neste sábado para Guedes antes de dar a entrevista na qual falou sobre Levy. Depois da entrevista, ligou de novo para relatar o que havia dito. Guedes chegou a falar a pessoas próximas que havia indicado três nomes para ajudar Levy, mas o presidente do BNDES não aceitou. Os três técnicos, então, passaram a trabalhar com o secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar.
Segundo integrantes do Poder Executivo, Bolsonaro já havia pedido a “cabeça” de Levy há três meses. Na avaliação da equipe econômica, diferentemente de outras instituições, como Banco Central, Caixa e Petrobras, quem têm tido “bom desempenho”, o BNDES “não está conseguindo decolar”.