Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de junho de 2019
Na Copa do Mundo de 2019, Marta dobrou a quantidade de gols que marcou na edição de 2015. Parece muito quando olhamos por esta perspectiva, mas a camisa 10 foi novamente eliminada nas oitavas do torneio. Desta vez, fez dois gols (ambos de pênalti), quebrou recordes impressionantes, levantou bandeira contra a desigualdade de gênero e, com um simples batom, expandiu o debate sobre os limites da propaganda no futebol. Tudo isto voltando de lesão. Fez tudo que pôde ou deixou a desejar?
Antes de se comprometer com qualquer análise, o portal de notícias UOL Esporte aproveitou o encontro com Marta na zona mista para pedir que ela própria fizesse sua avaliação. Assim como já havia ocorrido depois de seus recordes, que dedicou a todas as mulheres, a camisa 10 não quis individualizar a questão. “A avaliação é positiva. Não da minha Copa, mas da Copa do Mundo da seleção. Eu nunca me coloquei à frente de nada. Quando eu bati o recorde, falei que era um recorde de todas nós, mulheres. Eu não teria conseguido isso sem o apoio das meninas, sem a assistência delas. A avaliação é super positiva devido àquilo tudo que falavam”, respondeu a jogadora do Orlando Pride.
Para ela, a “Copa da Marta” é menos importante do que a Copa da seleção brasileira. Mas é importante destacar que as duas costumam ser indissociáveis: o melhor desempenho dela em um Mundial foi em 2007. Com artilharia e tudo, ela conduziu o Brasil ao vice-campeonato. Bateu na trave, e foi o mais perto que a equipe já chegou desta taça.
“O Brasil juntou a cara, a coragem e a vontade e desempenhou um papel positivo nessa Copa. É lógico que gente sempre quer ir longe, mas o jogo é jogado. A gente lutou até o final, não faltou garra e vontade. A França foi melhor nas finalizações e nas chances que criou”, prosseguiu.
Em meio aos questionamentos pela derrota e até sobre como o futebol feminino francês se desenvolveu rapidamente nos últimos anos, Marta não falou sobre as campanhas que protagoniza – uma em defesa da igualdade de gênero, com a “Go Equal”, e outra de marketing da “Avon”. Ela usou uma nova cor de batom, mas as circunstâncias a impediram de falar sobre ele.
A lesão na coxa esquerda que a tirou da estreia contra a Jamaica não impediu que recordes muito impressionantes fossem quebrados. Marta se tornou a primeira atleta a marcar em cinco Mundiais, e superou Miroslav Klose para virar a maior artilheira da história das Copas, entre homens e mulheres.
Mas os feitos foram alcançados com dois gols de pênalti, não com o tipo de jogadas memoráveis que faz o público idolatrá-la há anos. Contra a França, Marta foi prejudicada pelas obrigações defensivas, teve de voltar para marcar as laterais e não brilhou. Não é mais uma menina e teve parte de seu fôlego sacrificado por funções táticas.
O fato de ter recebido da Fifa o prêmio de melhor jogadora do mundo em 2018, pela sexta vez na carreira, inevitavelmente fez com que as expectativas dos brasileiros crescessem em torno de seu futebol, como se ainda esperassem encontrá-la no auge físico aos 33. Porém, a própria premiação causou surpresa na época: Marta segue sem ser campeã com o Orlando Pride, sua equipe nos EUA.