Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de junho de 2019
A nova estrutura anunciada no fim da semana passada pelo Palácio do Planalto para melhorar as relações com o Congresso Nacional começa com um desafio: o novo ministro da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos, que assumirá a articulação política no lugar do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tem em mãos indicações feitas por parlamentares para cargos nos Estados que até agora não saíram do papel.
Parlamentares dizem que há um processo rigoroso de seleção e que as nomeações seguem os critérios do decreto do “banco de talentos”, que exige ficha limpa e experiência.
Levantamento feito pelo jornal O Globo mostra que ao menos 75 nomes foram indicados à Casa Civil desde março, quando o próprio governo sinalizou que gostaria de receber a sugestão de nomes técnicos para preencher cargos. Todas as ideias foram ignoradas pelo Planalto até o momento.
Há indicações de parlamentares para cargos nos Estados em órgãos como Ibama, Funasa, Incra, Codevasf, Secretaria de Patrimônio Urbano e outros braços dos ministérios.
A demora em efetivar as demandas acertadas com parlamentares é apontada por congressistas como um dos motivos que dificultam o clima para o Planalto entre deputados e senadores. O governo vem sofrendo derrotas sucessivas e nesta semana pode ver ser rejeitado pela Câmara o decreto das armas, uma das bandeiras de campanha do presidente Jair Bolsonaro.
A responsável por coletar as indicações é Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso. Ela reclama a interlocutores que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, não conseguia fazer valer o poder de sua caneta e que um dos problemas é o fato de outros ministros não aceitarem as indicações. A deputada também ressalta que há um processo rigoroso de seleção e que as nomeações seguem os critérios do decreto do “banco de talentos”.
Para não negociar com a cúpula dos partidos, a Casa Civil havia optado por pedir aos coordenadores de bancadas estaduais no Congresso para compilar os nomes em seus Estados. O ex-coordenador do Maranhão Hildo Rocha (MDB) conta que enviou uma lista de 12 nomes há mais de um mês. Nenhum foi nomeado, sem que houvesse uma justificativa para o parlamentar. “Não teve nada. Que eu saiba, do Maranhão, nenhum foi nomeado. Não rolou nada, zero. O governo precisa parar de prometer e não entregar”, declarou.
Os coordenadores das bancadas de Rondônia e Espírito Santo fazem coro às reclamações – suas indicações também não andaram no governo federal. “Está tudo parado, não foi nomeado ninguém”, disse Lucio Mosquini (MDB), coordenador da bancada de Rondônia.