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Por Redação O Sul | 25 de junho de 2019
Um relógio quase idêntico ao da Notre-Dame de Paris, na França, destruído no incêndio que ocorreu no mês de abril, acaba de ser encontrado em outra igreja parisiense. A descoberta, já chamada de “milagrosa”, vai permitir a reconstrução do mecanismo do século 19, que ritmava a vida da catedral.
O artefato que acionava os quatro relógios da fachada da Notre-Dame ficava bem embaixo da agulha. A máquina de três metros de largura, criada em 1867 pelo relojoeiro Collin, derreteu quase completamente no incêndio. O problema é que, ao contrário do telhado e da agulha, ela não foi numerada, e a falta de documentos dificultava sua reconstrução idêntica.
Havia inclusive o risco de que a Notre-Dame fosse restaurada sem o relógio, que é uma tecnologia considerada hoje ultrapassada. Os profissionais do setor relojoeiro se mobilizaram e chegaram até a criar uma página no Facebook para tentar encontrar dados e elementos que permitissem reconstituir o mecanismo antigo. A descoberta de um objeto quase idêntico vem reforçar o campo dos que defendem sua reconstrução.
Tesouro no sótão da Sainte-Trinité
“O irmão gêmeo” do relógio da foi descoberto a quatro quilômetros da catedral, no sótão da igreja Sainte-Trinité (Santíssima Trindade), no 9° distrito de Paris.
Ele foi encontrado pelo relojoeiro Jean-Baptiste Viot, que não esconde sua emoção ao contar o episódio. “Fiquei chocado e não parava de repetir: É incrível! É o mesmo relógio, o mesmo!” Depois de limpar a fuligem que cobria a placa de estanho que identifica o artefato, a inscrição confirmou sua suspeita: “Ano 1887, construído por Collin”, isto é, mesmo ano e mesmo construtor que o mecanismo da Notre-Dame.
“É muita sorte. É como se encontrássemos uma outra edição de um livro queimado. É inestimável”, compara Viot.
A ideia não é retirar o mecanismo da Sainte-Trinité. O objeto encontrado vai servir de modelo para fabricar as peças e reconstruir o relógio de NotreDame. O relojoeiro da catedral parisiense, Olivier Chandez, quer que a “cópia idêntica” ocupe o mesmo lugar que antes do incêndio, no telhado, embaixo da agulha.
Mas, para isso, é necessário que os responsáveis pela restauração da igreja integrem também a reconstrução do relógio no projeto. Chandez garante que ele vai custar menos de 1% do valor das promessas de doação, 850 milhões de euros, e lembra que “todas as igrejas do mundo têm um relógio, todas”.