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Por Redação O Sul | 10 de julho de 2019
Entre confetes e brados de “salários iguais”, Nova York homenageou a seleção feminina de futebol dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (10), com um desfile pelas ruas para comemorar o título da Copa do Mundo, reforçando o surgimento das jogadoras como ícones dos direitos das mulheres. As informações são da agência de notícias Reuters e do jornal Folha de S.Paulo.
A vitória dos EUA de 2 x 0 sobre a Holanda na final de domingo coroou uma campanha que atraiu uma grande audiência televisiva e um interesse público inédito.
O desfile desta quarta-feira pela Broadway, no distrito financeiro da Nova York, também ressaltou a luta das jogadoras pela paridade salarial com seus colegas da seleção masculina, e por extensão o tema da paridade salarial para as mulheres em geral.
Famílias se apertaram contra as barreiras de metal da polícia no início da parada, ansiosas para ter um vislumbre de jogadoras como Alex Morgan, Carli Lloyd e Megan Rapinoe, artilheira do torneio e líder sem papas na língua do time, enquanto elas passavam em carros alegóricos abertos ao longo do trajeto.
“Elas não deveriam ter que conquistar um título para receber a quantia certa”, disse Jessica Hicks, professora de Nova Jersey que assistia ao evento com sua filha Aria, de 14 anos.
Olivia Ciampi, de 15 anos, de Rockaway, no Queens, que se juntou à multidão com a mãe, concorda que a igualdade salarial para a seleção está atrasada.
“Elas trabalham muito duro e conquistam muitos títulos, elas realmente fazem muito e merecem”, disse.
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, foi um passo além, dizendo em uma coletiva de imprensa que, se o salário fosse baseado no desempenho, a seleção feminina deveria ser mais bem compensada do que o time masculino.
“Elas praticam o mesmo esporte que os jogadores praticam. Aliás, elas o praticam melhor, com resultados melhores”, disse Cuomo. “Se existe qualquer lógica econômica, os homens deveriam receber menos do que as mulheres. Sejamos honestos!”
Em março, todas as 28 jogadoras entraram com uma ação civil de discriminação de gênero contra a Federação de Futebol dos EUA, exigindo uma remuneração igual à de seus equivalentes masculinos.
Ato político
Quando subiram em carro aberto para a festa em Nova York, as mulheres de um dos times mais ativistas dos EUA sabiam que tinham transformado a tradicional parada de papel picado da cidade em um ato político.
Em frente à prefeitura da cidade, a atacante Megan Rapinoe, que lidera o time dentro e fora de campo na luta por direitos iguais, decidiu fazer um discurso de impacto.
“Temos que ser melhores, temos que amar mais e odiar menos. Ouça mais e fale menos. É nossa responsabilidade tornar este mundo um lugar melhor”, disse a jogadora, sob gritos da multidão.