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Por Redação O Sul | 28 de julho de 2019
Um dos maiores nomes da história do rádio no Rio Grande do Sul, o locutor de notícias, narrador e comentarista esportivo Milton Jung faleceu na manhã deste domingo (28) aos 83 anos, em Porto Alegre, vítima de complicações de saúde decorrentes do mal de Alzheimer. Ele estava internado no Hospital Moinhos de Vento e não resistiu a um quadro de infecção respiratória e renal.
O velório começou à noite e a cerimônia de despedida está marcada para as 11h desta segunda-feira no Crematório Metropolitano São José, na avenida Oscar Pereira. Nascido em Caxias do Sul, Milton deixa esposa Maria Helena e os filhos Milton Júnior (que seguiu os passos do pai na profissão), Christian e Jaqueline, além de quatro netos.
A trajetória de Jung começou no radioteatro na Rádio Canoas e em 1958 passou para os microfones da Rádio Guaíba (então pertencente à empresa Caldas Júnior), endereço de nomes não menos antológicos, tais como Mendes Ribeiro e Flávio Alcaraz Gomes. Em 1964, com sua voz grave e de dicção perfeita, tornaria-se o titular do “Correspondente Renner”, principal noticioso da emissora e referência de estilo para gerações de profissionais do segmento.
Também teve passagem marcante pelo departamento de esportes da Guaíba, como narrador. Participou das coberturas das Copas do Mundo de 1974 (Alemanha), 1978 (Argentina) e 1986 (México) e, em seus últimos anos de atuação na emissora, obteve da direção da casa a concordância com uma exigência pessoal: narrar apenas os jogos do Grêmio, seu time do coração.
Após 54 anos de vínculo com a emissora, Milton Jung se despediu dos microfones no dia 2 de dezembro de 2012, narrando os primeiros 15 minutos do Grenal nº 349, válido pelo Campeonato Brasileiro. Encerrado com um empate em 0 a 0, o clássico tinha importância histórica: foi o último disputado no estádio Olímpico, antes da mudança do Tricolor para a Arena.
Manifestações
A perda foi motivo de diversas mensagens de ex-colegas, que reiteraram a importância de Jung para os meios de comunicação, compartilharam lembranças e não pouparam elogios ao mestre. Ex-editora de notícias de Rádio Guaíba e autora do livro bigráfico “Milton Ferretti Jung: Gol, Gol, Gol, Um Grito Inesquecível na Voz do Rádio” (lançado na Feira do Livro de Porto Alegre em 2017), Kátia Hoffmann classificou o fato de “triste notícia” e, ao longo do dia, reproduziu uma série de áudios históricos do amigo.
O professor e pesquisador gaúcho Luiz Arthur Ferrareto, um dos especialistas no assunto, registrou no Facebook: “Em 3 de maio de 2005, Jô Soares entrevistou Milton Ferretti Jung (…). Lembro de ter conversado com ele, dias antes, no corredor da Guaíba, emissora onde eu havia participado do programa ‘Guerrilheiros da Notícia’, de Flávio Alcaraz Gomes. Empolgadíssimo, não escondia a sua alegria com o sucesso do livro do Miltinho [filho de Jung], da rádio CBN, lançado pouco antes”.
Miltinho, por sua vez, usou a sua conta no microblog Twitter para uma breve homenagem ao pai. “Valeu, pai! A sua alma é abençoada e sua história é imortal. Se para muitos você foi ‘A Voz do Rádio’, para nós você foi a voz da sabedoria. Obrigado por tudo que nos ensinou”, escreveu, emocionado.
Autoridades
O governador gaúcho Eduardo Leite também se manifestou, em nota publicada em sua conta oficial no Twitter: “O Rio Grande do Sul perdeu hoje um dos maiores radialistas de todos os tempos. Deixo aqui os meus sentimentos à família do eterno Milton Jung. O seu legado estará sempre presente no radiojornalismo brasileiro. Que descanse em paz”.
Na mesma rede, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, uniu-se ao coro de vozes a lamentar a morte de um profissional icônico: “Meus sentimentos aos familiares, amigos e fãs do trabalho do radialista Milton Ferretti Jung. O ex-locutor esportivo e do ‘Correspondente’ será sempre lembrado como a ‘Voz do Rio Grande'”.
Dupla Grenal
A dupla Grenal não ficou de fora. Em mensagens curtas e de conteúdo semelhante no Twitter, as direções de Inter e Grêmio se solidarizaram à família do profissional que narrou partidas de ambos os clubes durante cinco décadas na Rádio Guaíba. “Com sua tradicional e respeitada voz, apurada locução e narração, além de gremista ilustre, acompanhou nossa grande caminhada de conquistas”, enalteceu o Tricolor gaúcho.
(Marcello Campos)