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Por Redação O Sul | 31 de julho de 2019
O acordo entre o Mercosul e a UE (União Europeia), fechado no fim de junho, tornou o Brasil mais interessante, sob o ponto de vista econômico-comercial, do que quatro meses atrás, quando o presidente Jair Bolsonaro visitou os Estados Unidos.
O simples anúncio de que o bloco sul-americano havia concluído as negociações com os europeus, após duas décadas de idas e vindas, fez com que países como Japão, Canadá, Coreia do Sul e Cingapura demonstrassem disposição para acelerar as discussões em torno de tratados de livre comércio.
Além disso, existe a perspectiva concreta de mais um parceiro comercial abrir seu mercado para o Mercosul: o Efta, bloco formado por Noruega, Suíça, Liechtenstein e Islândia.
É nesse novo cenário que o presidente Donald Trump decidiu enviar a Brasília o seu secretário de Comércio, Wilbur Ross. O horizonte que começa a ser delineado em reuniões, nesta quarta-feira, entre Ross e o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, é cheio de possibilidades.
Por exemplo, a Casa Branca poderá negociar acordos tanto com o Mercosul – para o qual já tem mandato do Congresso americano até junho de 2021 – quanto com o Brasil. Por outro lado, os EUA protagonizam, junto com a China, uma guerra comercial sem precedentes, que já dura quase dois anos.
O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, o Brasil seria usado estrategicamente nessa briga por Trump da seguinte forma: reduziria as tarifas de importação para produtos americanos industrializados, que poderiam entrar no país, se não mais baratos, a preços competitivos em relação aos chineses.
Em termos de interesses comuns para um ambicioso tratado entre Brasil e EUA, o leque é variado. Estão sobre a mesa desde medidas de facilitação do comércio para reduzir burocracias, custos e prazos no intercâmbio bilateral, até a negociação de acordos de proteção de investimentos e do fim da dupla tributação.
Empresários dos dois países assistem, animados, a essa aproximação. Esperam, por exemplo, a participação do Brasil no programa americano Global Entry – que oferece trâmites mais céleres e facilitados para a entrada de executivos brasileiros nos EUA.
Querem, ainda, regras comuns sobre barreiras não tarifárias de natureza técnica, sanitária e fitossanitária. Também são áreas de interesse mútuo defesa e segurança, energia, infraestrutura e agronegócio. No último caso, Brasil e EUA disputam entre si a venda de produtos agropecuários em terceiros mercados, inclusive na China. É um ponto considerado complexo por especialistas.