Um dos bons momentos da atividade como jornalista foi receber a incumbência de fazer uma página dominical para o Correio do Povo, junto com o então editor da Casa de Caldas – como a sede do Correio, Folha da Tarde e Folha da Manhã era tratada pelo pessoal da imprensa –, Armando Burd. Ouvi a liberação do chefe, Breno Caldas – Dr. Breno como era chamado pelos funcionários e demais – para preparar a estreia no domingo, 9 de março de 1980. Antes, já ouvira o comentário: “Meu pai, Francisco Antônio Vieira Caldas Junior, não gostava de colunismo social. Mas vamos fazer esta experiência”. O Correio do Povo mantinha uma crônica assinada pela querida colega Lygia Nunes, com comentários a respeito dos diversos setores da vida da capital e outras cidades dos pampas.
Minha página seria dedicada à vida social, festas e outros acontecimentos, mas com a liberdade de acrescentar comentários sobre temas de minha escolha.
Foi uma semana de intenso trabalho junto com Armando Burd, Vitorio Gheno e outros colaboradores da minha equipe pessoal. Realizava um sonho inesperado, pois fui criado com a leitura dominical do Correio, em seu grande formato, o qual agora passava a integrar.
Acompanhei pessoalmente a impressão durante toda manhã e parte do sábado – normalmente meu dia de folga, pois tinha uma coluna diária na Folha da Tarde –, recebendo o comentário de um dos meus inesquecíveis colegas da casa, Adail Borges Fortes: “Gasparotto, tu aqui no sábado! Não esquece que trabalho é instrumento de vida e não de morte”. Expliquei todo meu entusiasmo, afinal estava lá no jornal que aprendi desde a infância a admirar e, portanto, valia toda a dedicação.
Compartilho as imagens da segunda edição, de 16 de março de 1980, pois entre as notícias, a abertura do Festival de Cinema de Gramado, que se encerrou neste final de semana, e naquela época se realizava no final do verão. Livia Alencar Chaves Barcellos, personagem constante de minhas colunas, aparecia em duas fotos centrais, além de ilustrações e desenhos pesquisados durante a semana anterior. Nos guardados de quase cinco décadas de jornalismo, estão as colunas dominicais do Correio do Povo, que me trazem ótimas lembranças e me fazem recordar o Dr. Breno, a quem chamava de “tio Breno”, tanto para provocar os colegas, como para evidenciar uma afeição mútua com meu querido chefe, que conheci no dia em que fui fazer o exame de admissão, aos 7 anos de idade, no Colégio Anchieta, onde ele estava acompanhando o filho, Francisco Antonio Kessler Caldas, de quem fui amigo desde aqueles tempos.
Acho importante acrescentar um dado, pois muitos, talvez, tenham esquecido o tamanho original do nosso Correio de outras épocas: dimensões originais da página: 58 x 39 cm. Outros tempos, outra cultura e outro estilo de vida e luxo….