Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de setembro de 2019
A PF (Polícia Federal) deflagrou na manhã desta terça-feira (03) a Operação Vagatomia, que investiga um esquema de fraudes na concessão do Fies (Financiamento Estudantil do Governo Federal) e na venda de vagas e transferências de alunos do exterior para o curso de medicina ofertado pela Universidade Brasil, de Fernandópolis, no interior de São Paulo.
A Polícia Federal investiga ainda fraudes em bolsas do ProUni (Programa Universidade para Todos) e nos cursos de complementação do exame Revalida, para revalidação de diploma. Entre os presos, está o dono da Universidade Brasil, José Fernando Pinto da Costa.
Um dos investigados, Rosival Mareus Molina é conhecido como “pastor de alunos”. Segundo consta nos autos, ele “é apontado como um dos principais investigados e mantém relacionamento próximo com o reitor José Fernando há vários anos, com quem respondeu por problemas anteriores com a justiça também relacionados à concessão irregular de Fies”.
“Também participava das reuniões na sede da universidade brasil e da tomada de decisões sobre a situação dos alunos alunos cooptados e conta com grande estrutura responsável pela captação de alunos para a Universidade Brasil, que conta com a participação necessária de seu assecla Davi Correia Bonfim, responsável pela inserção de dados ideologicamente falsos nos requerimentos do Fies”.
Estimativas iniciais da PF indicam que, nos últimos cinco anos, aproximadamente R$ 500 milhões do Fies e do ProUni foram concedidos fraudulentamente. Cerca de 250 policiais federais cumpriram 77 mandados judiciais nesta terça-feira – 11 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 45 de busca e apreensão e 10 referentes à medidas cautelares, alternativas à prisão.
As ordens foram expedidas pela Justiça Federal de Jales. As atividades da “Vagatomia” são realizadas nas cidades de Fernandópolis, São Paulo, São José do Rio Preto, Santos, Presidente Prudente, São Bernardo do Campo, Porto Feliz, Meridiano, Murutinga do Sul e São João das Duas Pontes, em São Paulo e no município de Água Boa, no Mato Grosso.
Entre os alvos das ordens de prisão estão o dono da universidade e seu filho, além de diretores e funcionários das unidades onde as fraudes foram identificadas – São Paulo, São José do Rio Preto e Fernandópolis. Integrantes das “assessorias”, que vendiam vagas no curso de medicina, financiamentos Fies e bolsas do Prouni também estão entre os alvos da operação.
A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio de até R$ 250 milhões em bens e valores dos investigados. A PF indicou que recebeu, no início do ano, informações que relatavam crimes e irregularidades que estariam ocorrendo no campus de um curso de medicina em Fernandópolis. Vagas para ingresso, transferência e financiamentos Fies para o curso de medicina estariam sendo negociados por até R$ 120 mil por aluno, diz a corporação.
As investigações duraram cerca de oito meses e identificaram que o líder do esquema era o próprio dono da universidade, que também ocupa o cargo de reitor. O empresário, engenheiro de 63 anos, e seu filho, que também é sócio do grupo educacional, sabiam do esquema e participavam dos crimes em investigação, segundo a PF.
Segundo a Polícia Federal, “assessorias educacionais”, com o apoio dos donos e da estrutura administrativa da universidade, negociaram centenas de vagas para alunos. Entre os estudantes que compraram suas vagas e financiamentos estão filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade – “todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem perfil de beneficiário do Fies, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do Governo Federal”. A PF estima que milhares de alunos por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão destas fraudes.