Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 19 de setembro de 2019
O presidente Jair Bolsonaro cobrou do ministro da Justiça, Sérgio Moro, informações sobre os motivos da operação da PF (Polícia Federal), nesta quinta-feira (19), que fez buscas e apreensões no gabinete do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Algumas horas após a ação da PF, o ministro foi ao Palácio da Alvorada para uma reunião com o presidente. O encontro não estava previsto na agenda de nenhum dos dois. Pessoas próximas ao ministro afirmam, no entanto, que a conversa com Bolsonaro foi tranquila.
A operação elevou a desconfiança entre o Palácio do Planalto e a PF. A ação contra o líder do governo, autorizada pelo ministro do Supremo Luís Roberto Barroso, foi recebida por aliados do presidente como uma reação da Polícia Federal às recentes investidas de Bolsonaro sobre a corporação.
Em ligação ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Bezerra colocou seu cargo à disposição do presidente. O gaúcho afirmou que a posição do Palácio do Planalto é aguardar os desdobramentos da operação da PF, mas apontou que Bezerra terá que explicar à Justiça sua “vida pregressa”, de quando foi ministro do governo Dilma Rousseff (PT).
A PF apontou que o senador recebeu R$ 5,5 milhões em propina desviada de obras públicas. Seu filho, o deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), teria recebido R$ 1,7 milhão do mesmo esquema durante o governo Dilma. Investigadores que atuam no caso apontam que há indícios de que o senador utilizou um esquema ilegal de repasses de dinheiro mesmo depois de começar a ser investigado pela Operação Lava-Jato.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que a Casa vai recorrer ao Supremo questionando a operação contra Bezerra. Alcolumbre argumentou que a operação se refere há fatos que ocorreram entre 2012 e 2014, quando Bezerra não era senador. Como não tem conexão com o mandato, o presidente do Senado considera que o caso deveria estar em curso em outra instância, não no Supremo. Ele citou também o fato de a Procuradoria-Geral da República ter se posicionado contra a busca e apreensão.
A permanência de Fernando Bezerra Coelho como líder do governo no Senado não deve ser definida de imediato. Responsável pela articulação política, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, conversou por telefone com Bolsonaro sobre a situação do senador, mas o entendimento é que o momento pede cautela.