Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2019
Pela maior parte dos últimos dez anos, o Facebook foi o grande gorila do Vale do Silício, esmagando rivais, roubando suas melhores ideias ou os adquirindo diretamente, ao cimentar seu domínio sobre a mídia social. Agora é hora da revanche.
Diversos atuais e antigos concorrentes do Facebook estão falando sobre as táticas agressivas da empresa aos investigadores da Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês), como parte de sua investigação antitruste mais ampla sobre as práticas de negócios do gigante da mídia social, de acordo com pessoas informadas sobre o assunto.
Um desses rivais é a Snap, cuja equipe judicial mantém há anos um dossiê sobre as maneiras pelas quais o Facebook tentou dificultar a ascensão do rival, de acordo com pessoas informadas sobre o assunto. O nome do dossiê: “Projeto Voldemort”.
Os arquivos do dossiê, cujo nome faz referência ao notório vilão dos livros infantis da série Harry Potter, narram as ações do Facebook que ameaçavam solapar os negócios da Snap, entre as quais desestimular pessoas vistas como influenciadores de mencionar a Snap em suas contas de Instagram, de acordo com pessoas familiarizadas com o projeto. Os executivos da concorrente também suspeitavam de que o Instagram estivesse impedindo que conteúdo da Snap aparecesse no app, disseram essas pessoas.
Nos últimos meses, a FTC fez contato com dezenas de executivos de tecnologia e desenvolvedores de apps, disseram pessoas informadas sobre esse esforço. Os investigadores da agência também estão conversando com executivos de startups que fecharam as portas depois de perder o acesso à plataforma do Facebook, além de fazer contato com pessoas que venderam suas empresas ao Facebook, disseram fontes informadas sobre essas conversações.
As discussões tiveram por foco as táticas de crescimento a qualquer custo que conduziram o Facebook de uma rede social para universitários, 15 anos atrás, uma coleção de serviços usados por mais de um quarto da população mundial, hoje.
As conversas demonstram que a FTC “está montando um quadro do que pode ser um padrão de comportamento que envolve bloquear a competição, nos negócios centrais do Facebook”, disse Gene Kimmelman, assessor sênior da Public Knowledge, uma organização de defesa do consumidor que se concentra em questões de tecnologia. Kimmelman também foi funcionário da área antitruste do Departamento da Justiça no governo Obama. Conversar com rivais rivais é típico, em investigações antitruste, ele disse.
Dentro do Facebook, os principais líderes estão preocupados com a possibilidade de que rivais revelem autoridades federais informações desfavoráveis, e discutiram maneiras de melhorar os relacionamentos da empresa no Vale do Silício, de acordo com uma pessoa informada sobre as discussões. A investigação da FTC é um dos diversos inquéritos antitruste sobre o Facebook e outros gigantes da tecnologia nos Estados Unidos e em todo o mundo.
No começo do mês, o Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos solicitou comunicações entre executivos do Facebook sobre as decisões da empresa de comprar a rede de compartilhamento de fotos e vídeos Instagram, em 2012, e o app de mensagens WhatsApp, em 2014. Legisladores contataram diversos dos rivais dessas companhias como parte de sua investigação. O comitê da Câmara não pode tomar medidas punitivas contra as companhias, mas a FTC pode.