Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2015
A atividade docente, além de mal remunerada no Brasil, está se tornando cada vez mais perigosa. Um exemplo disso é o caso de agressão registrado a a uma professora de Parobé. A educadora Luciana Fernandes, 23 anos, foi agredida por uma estudante de 15 anos e seus familiares durante uma festa junina na Escola Municipal Padre Afonso Kist, onde ministra aulas de biologia. O motivo teria sido a implicância da adolescente com a professora. O caso foi parar na polícia.
O estopim para o ataque da aluna foi o pedido de Luciana para que a jovem respeitasse as regras de uma brincadeira. “Fiquei responsável pela cadeia, brincadeira típica de festas juninas. O valor da ‘fiança’ era de 50 centavos. Um menino pagou a fiança dele e da aluna. Ela queria sair. Então pedi para ela esperar enquanto eu buscava o troco. Foi quando ela tentou me agredir”, conta a professora. Outros docentes e alunos tentaram impedir o ataque.
Incomodada, Luciana foi até a sala dos professores procurar a diretora da escola, mas foi surpreendida pela aluna e suas duas irmãs maiores de idade – uma delas grávida. “Como ela não conseguiu me agredir na primeira vez, chamou o reforço dos familiares. Os pais e os cônjuges ficaram olhando e não fizeram nada para impedir”, lembra.
Lesão corporal
lA funcionária pública está afastada das salas de aula e está abrigada na casa do noivo, em outra cidade, pois tem receio de represálias. “Estou machucada, tomando remédio para dormir. Estou com medo e tento não sair sozinha”, admite. Assustada, ela foi à delegacia registrar um boletim de ocorrência. Conforme o resultado do exame de corpo de delito, as envolvidas podem ser indiciadas por lesão corporal.
Segundo Luciana, o ataque era iminente. “Estava para acontecer a qualquer momento. Na localidade em que fica a escola é normal o comportamento violento dos alunos com os colegas e professores. Casualmente foi eu, mas poderia ser qualquer outro colega”, lamenta. “Essa aluna não pode ser contrariada. Ela sempre apresentou um comportamento agressivo. Uma vez neguei a ela uma saída ao banheiro. Ela veio e esbarrou em mim de propósito”, relembra.
De acordo com a direção da escola, a aluna foi transferida. “Tomamos todas as medidas cabíveis. Não tem mais clima para a aluna continuar nesta escola. A Secretaria de Educação vai apoiá-la. Já a professora está muito fragilizada. Imagina uma professora jovem, recém-formada, passar por isso? É muito difícil”, explicou a diretora da escola, Maria Cleni Sarmento. O Conselho Tutelar e a Secretaria da Educação prometeram acompanhar a adolescente de perto.
“As leis hoje em dia beneficiam muito o aluno. Fui agredida, não reagi e a menina vai ser levada para outra escola e receberá acompanhamento psicológico. Mais nada. Se tivesse sido ao contrário, eu já estava exonerada e com mil processos contra mim”, reclama Luciana.
Apesar do medo, o desejo de ensinar é maior. A professora deve mudar de escola e regressar, assim que o atestado médico expirar. “Não sei ainda quanto tempo terei que ficar afastada. Mas pretendo voltar o mais breve possível para não deixar meus alunos na mão.” (Folhapress)