Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2019
Balanço final da Operação Armadeira divulgado pela PF (Polícia Federal) na tarde desta quarta-feira (02) aponta que mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo foram apreendidos durante a ação contra auditores da Receita acusados de cobrar propina de empresários e delatores da Operação Lava-Jato. Em troca do dinheiro, os servidores suspendiam multas e processos tributários no Fisco.
Ao todo, foram localizados R$ 1.109.130,00, US$ 26,9 mil e, ainda, 3,9 mil euros. Somente na casa de Marco Aurélio Canal, apontado como um dos mais influentes da organização criminosa, foram localizados R$ 200 mil. Ele era o supervisor de Programação da Receita e foi preso por ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal Federal, o juiz da Operação Lava-Jato do Rio.
Canal é acusado de receber R$ 4 milhões de Lelis Teixeira, réu da Lava-Jato e ex-presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro). Lelis fez delação premiada e relatou ter negociado o pagamento para evitar multa contra a empresa de transportes carioca em um processo que corria na Receita.
Outro auditor alvo dos investigadores é Marcial Pereira de Souza, que chegou a cobrar propina de 500 mil euros para barrar fiscalização tributária contra Ricardo Siqueira Rodrigues, réu da Operação Rizoma, desdobramento da Lava-Jato que investiga desvio de verbas dos fundos de pensão dos Correios, o Postalis, e do Serpros.
A Operação Armadeira cumpriu 14 mandados de prisão e 41 mandados de busca e apreensão no Rio deferidos pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Bretas decretou o bloqueio de R$ 13, 8 milhões do auditor Marcos Aurélio Canal.
Defesa
A defesa do auditor fiscal da Receita Federal Marco Aurélio Canal classificou a prisão de seu cliente como “ilegal”, “de viés exclusivamente político” e “pautada em supostas informações obtidas através de ‘ouvi dizer’”.
O advogado Fernando Martins, responsável pela defesa de Canal, declarou, por meio de nota, “que se trata de mais uma prisão ilegal praticada no âmbito da denominada Operação Lava-Jato, eis que de viés exclusivamente político, atribuindo a Marco Canal responsabilidades e condutas estranhas à sua atribuição funcional e pautada exclusivamente em supostas informações obtidas através de ‘ouvi dizer’ de delatores”.