Quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2015
O juiz federal Sérgio Moro mandou bloquear 20 milhões de reais do ex-ministro José Dirceu, mas o BC (Banco Central) só encontrou 103.777,40 reais em duas contas dele, mantidas na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. O valor equivale a 0,5% do montante que Moro mandara bloquear.
A maior parte dos recursos de Dirceu – cerca de 96 mil reais – foi encontrada na conta que ele abriu para receber doações para pagar a multa aplicada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, no valor de 971 mil reais. Sem os 96 mil reais que sobraram da vaquinha, o ex-ministro ficaria com um saldo de 7.834,74 reais.
Antes de ser preso, Dirceu dizia que devolveria a quantia além da multa que recebera dos seus apoiadores. Como não há histórico da movimentação, não dá para saber se as contas foram esvaziadas antes da detenção, no dia 3.
A empresa de consultoria do ex-ministro, a JD, chegou a faturar 39,1 milhões de reais, mas está desativada e não tinha nada no banco, conforme relatório do BC enviado à Justiça Federal do Paraná.
Dirceu recebia de 500 mil reais a 800 mil reais mensais de dois fornecedores de mão de obra terceirizada à Petrobras (Hope RH e Personal), diz o lobista Milton Pascowitch, que fez acordo de delação após ser acusado de repassar propina entre empreiteiras e a estatal.
Situação
A assessoria do ex-ministro diz que a situação dele é bem pior do que revela o pedido de bloqueio do juiz federal. A JD deve cerca de 900 mil reais em impostos.
O pagamento de um imóvel que Dirceu comprou em São Paulo (SP), ao lado do parque Ibirapuera, está atrasado dois meses. A casa na avenida República do Líbano foi comprada por 1,6 milhão de reais, com 1,2 milhão de reais financiado pelo Banco do Brasil, em prestações mensais de 16 mil reais.
Ele deve ainda cerca de 1 milhão de reais para fornecedores, de acordo com seus assessores. A aparente penúria econômica é apresentada pela defesa como a principal prova de que Dirceu não enriqueceu com recursos desviados da Petrobras.
O BC encontrou o maior volume de dinheiro depositado na conta de Julio Cesar dos Santos, auxiliar do ex-ministro: 230,7 mil reais. Santos confessou em depoimento que serviu de laranja para Dirceu na compra dos dois imóveis. (Folhapress)