Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de outubro de 2019
O candidato kirchnerista Alberto Fernández venceu, em primeiro turno, a eleição presidencial argentina na noite deste domingo (27) contra o atual presidente, Mauricio Macri. Com 90,14% das urnas apuradas pelo sistema de contagem rápida, o opositor tinha 47,66% dos votos contra 40,88% do mandatário. Na Argentina, um candidato vence em primeiro turno com índice superior a 45% ou acima de 40% mais diferença de dez pontos para o segundo colocado. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Qualquer que seja o resultado final, os números mostram discrepância em relação às pesquisas, que apontavam uma vitória avassaladora de Fernández.
Pela noite, Macri reconheceu a derrota, em discurso conciliador, e prometeu fazer uma transição organizada.
Sob vaias de apoiadores, o atual mandatário parabenizou o adversário. “Quero parabenizar o presidente eleito, Alberto Fernández, acabo de falar com ele, pela grande eleição. O convidei para tomar café da manhã na Casa Rosada [palácio do governo argentino] amanhã, para começar um período de transição ordenada”, afirmou. “A única coisa que importa é o futuro dos argentinos.”
A única vitória macrista até agora é a do atual chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Horacio Larreta. A atual governadora da Provincia de Buenos Aires, Maria Eugenia Vidal, do partido de Macri, reconheceu sua derrota para o kirchnerista Axel Kicillof, ex-ministro da economia de Cristina Kirchner.
O partido de Macri, porém, emplacou muitos deputados e deve continuar sendo a principal força opositora.
Na esquina das avenidas Corrientes e Dorrego, no bairro de Chacarita, foi armado um palco para celebrar a vitória de Fernández. As pessoas começaram a chegar por volta das 18h. Às 21h os auto-falantes começaram a tocar músicas do peronismo e algumas cumbias.
As pessoas levavam bandeiras da Argentina, vendidas por ambulantes a 100 pesos. Bandeiras argentinas com os rostos de Cristina e de Alberto custavam 150. Também havia camisetas com frases de ambos, a mais popular era a que dizia “machirulo” (machistinha), referindo-se ao modo como Cristina se referiu a Macri depois que este disse que “o populismo é como uma mulher com cartão de crédito”
Muitas famílias levaram crianças, e estavam presentes as organizações sociais que sempre acompanharam o kirchnerismo, como o Movimento Evita, a Juventude Peronista e outros.
Logo após o encerramento da votação, às 18h10, o ministro do Interior, Rogelio Frigerio, afirmou que, por conta de denúncias de irregularidades em algumas mesas, era possível que alguns votos fossem impugnados.
Pela manhã, o chefe de gabinete do governo, Marcos Peña, disse em um café da manhã com jornalistas que, caso a diferença fosse muito curta, seria necessário esperar até a contagem definitiva, voto a voto, que sairá em alguns dias.
No fim do dia, já no comitê de Macri, Peña voltou a pedir paciência e que a Justiça Eleitoral divulgasse todos os dados, “porque é preciso defender a democracia e a transparência, pois estamos seguros de que ainda é possível ir ao segundo turno”.
Às 18h15, Fernández surgiu no portão de seu prédio, no bairro de Puerto Madero, com os olhos marejados, e agradeceu aos apoiadores. “Vocês sabem que não posso falar nada ainda, mas agradeço a todos. Ele estava acompanhado da mulher, Fabíola Yañez.
Mais cedo, o candidato kirchnerista publicou uma foto em seu Twitter em que faz a letra L com as mãos, símbolo do movimento Lula Livre, e parabenizou o ex-presidente brasileiro pelo aniversário de 74 anos completados neste domingo (27).
“Também hoje faz aniversário meu amigo Lula, um homem extraordinário que está injustamente preso faz um ano e meio”, escreveu Fernández. “Parabéns pra você, querido Lula. Espero te ver em breve.”
O domingo foi de sol e movimento tranquilo em Buenos Aires. Apesar das filas nos centros de votação, não houve agitação ao menos até as 17h, quando alguns carros passaram a tocar buzinas e acenar com bandeiras da Argentina nas avenidas. Era comum ouvir o canto de “vamos voltar” dos peronistas.