Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2019
No dia 10 de novembro, a família real britânica se encontrará para homenagear os soldados mortos em combates, uma das datas mais importantes do calendário do Reino Unido. A rainha e seus herdeiros sempre participam da cerimônia, mas desta vez as câmeras estarão ainda mais focadas em cada reação dos príncipes William e Harry e suas respectivas mulheres.
Será o primeiro encontro oficial do quarteto desde que o caçula de Charles e Diana revelou num documentário que ele e a mulher, Meghan, não estão suportando o escrutínio dos tabloides ingleses. Os Windsor não escancaram suas emoções em público, mas Harry, seguindo o exemplo da mãe, quebrou essa regra. Agora os britânicos se perguntam qual o futuro do duque e da duquesa de Sussex na mais importante casa real do mundo.
Os últimos dias foram marcados por rumores sobre a tensão que a entrevista teria provocado no palácio de Buckingham. Oficialmente o que se sabe é o que Harry e Meghan admitiram: os irmãos estão afastados e a duquesa se sente injustamente perseguida pela mídia. A entrevista na qual falaram de suas frustrações provocou uma onda de afeto por grande parte do público, que vê o casal como o rosto mais humano da monarquia. Por outro lado, levou seus críticos a considerarem as reclamações um sinal de que a dupla não se adapta ao protocolo e deve buscar outro país para morar.
Meghan está processando o jornal “Mail on Sunday” pela publicação de uma carta que ela escreveu para o pai, enquanto seu marido levou outras três publicações à Justiça. Já a relação de William com os holofotes é diferente. Segundo na linha de sucessão ao trono, ele repete o que aprendeu com a avó: não reclame, não explique. Já Harry mostrou que não superou a maneira como a mãe morreu, perseguida por paparazzi, e não permitirá o cerco à mulher. Até que ponto os netos de Elizabeth podem contornar as diferenças e se reaproximar é a pergunta que marcará as discussões sobre a realeza britânica por um bom tempo.
Para o pesquisador Jonathan Spangler, da Universidade Manchester Metropolitan, as atitudes de Harry são pouco comuns do ponto de vista histórico. Sempre foi importante que o filho mais novo de um futuro rei nunca ofuscasse o irmão mais velho e herdeiro, mas Harry não aceita o silêncio. “Ao falar diretamente com a mídia, ao invés de ignorar os ataques que sofre, Harry está rompendo a tradição, o que não é necessariamente ruim. Por um lado, os príncipes mais jovens são encorajados a achar seu próprio caminho”, diz o historiador. Mas o conflito ocorre, em parte, porque a duquesa é americana e não está realmente interessada em se adaptar à maneira britânica, bastante rígida, de fazer as coisas, especialmente quando se trata do relacionamento entre a mídia e a monarquia.
“Tom colonial”
Enquanto se especulava que o casal estaria se preparando para passar um tempo na Califórnia com o bebê Archie, Meghan ganhou o apoio de mais de 70 mulheres parlamentares. Elas repudiaram o que classificaram como “histórias com um tom atrasado e colonial” contra a duquesa, que também é vítima de ofensas racistas. Nas redes sociais a americana, dedicada a causas feministas, é defendida por sites como o Meghanpedia, que combate a narrativa preconceituosa contra a ex-atriz. A co-fundadora Maria Weber não acredita que o casal deixe o Reino Unido:
“Eles estão comprometidos com instituições filantrópicas no país e nas nações da Comunidade Britânica. Não acredito que possam deixar sua casa e seu trabalho, mesmo que os tabloides sejam um incômodo. Essa mesma imprensa noticiou que o casal seria exilado na África, mas eles iriam apenas fazer uma viagem pela África do Sul. Desconfio das informações sobre eles, a não ser que sejam confirmadas por Buckingham ou por sua conta oficial do Instagram”.