Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2019
Na manhã desta sexta-feira (8), 96 estudantes selecionados para participar da nova edição da obra “Crianças e Jovens do Rio Grande: Escrevendo Histórias” foram recebidos com festa na Praça de Eventos da Seduc (Secretaria da Educação), na Capital, e ganharam um diploma de participação. Logo após, na 65ª Feira do Livro de Porto Alegre, foi a vez de eles distribuírem autógrafos.
Diversidade: esta foi a marca da 27ª edição do livro. Segundo a Seduc, os autores – os estudantes – não aceitam a discriminação racial, a violência contra a mulher, nem o preconceito com quem é diferente. São alunos criativos, extremamente conscientes, que superam os desafios da vida e escrevem a própria história. Estudantes indígenas, com deficiência auditiva e visual, autistas, adolescentes, crianças, altos, baixos, de todas etnias e jeito de pensar.
O secretário da Educação, Faisal Karam, destacou a importância do evento que tem a proposta de incentivar a leitura e o exercício da produção textual. “Este é um momento de grande oportunidade que dá autoafirmação aos nossos estudantes. A partir do momento que eles escrevem os seus sentimentos e publicam isso num livro, estão potencializando seus talentos, conhecimentos e habilidades”, afirma.
Conforme a assessora do setor de Livros e Fomento à Leitura do Departamento de Educação da Seduc, Ana Helena Laux, o projeto busca destacar o protagonismo e a autoria dos alunos da rede estadual. “É um grande momento de festa da educação gaúcha. O programa, que já existe há 27 anos, contribui para dar mais visibilidade ao potencial dos estudantes de todas as regiões do Estado”, explica.
Histórias de destaque
Antonia Gehlen de Marco tem 15 anos e é do 1º ano do Ensino Médio da Escola Sílvio Sanson, de Bento Gonçalves. Com o poema “Moça…”, ela fala da violência contra a mulher e critica o machismo. Com um tom comovente, a aluna conta a história da moça que foi diversas vezes espancada até ser morta. “ Os relatos de violência contra as mulheres estão cada vez mais frequentes e eu fico revoltada com essa situação. Os homens não podem nos tratar como objetos, nem como troféus, mas, sim, com respeito e empatia”, enaltece.
Outro tema importante destacado no livro foi a questão da discriminação racial. Bastante incomodada com a situação que vive na prática, a estudante Letícia do Amarante, 17 anos, escreveu o poema “Quem Sou Eu?”. Ela, que está no 3º ano do Ensino Médio, da Escola Abramo Pezzi, de Caxias do Sul, buscou falar sobre a escravidão, as religiões de matriz africana e as situações de racismo que ocorrem atualmente. “Esta obra é inspirada na minha realidade, e como o povo negro sofre até hoje. As pessoas precisam se conscientizar e estudar história para não cometerem os mesmos erros”, afirma.
Caroline Tissot de Queiroz, 20 anos, está no 2º ano do Ensino Médio da Escola República Argentina, de Santa Rosa. Com o poema “Eu tenho Síndrome de Down”, ela contou sobre a morte de sua mãe, a superação no colégio, o apoio dos professores e sobre o seu sonho de um mundo sem preconceito. “Esta é minha vida e eu gosto muito de literatura, de inglês e sou apaixonada pela escrita. Meu maior sonho é ser famosa”, conclui.
Tarde de autógrafos
Os 96 estudantes que participaram do livro estiveram presentes na praça principal da 65ª Feira do Livro de Porto Alegre. Distribuindo autógrafos, sorrisos e muitas histórias, eles encantaram o público.
Umas dessas histórias marcantes é a do aluno Lucas da Silva Ferreira, 10 anos. Ele é deficiente visual e está no 5º ano do Ensino Fundamental da Escola São Nicolau, da região de São Luiz Gonzaga. Com a poesia “Economizar Água”, o garoto falou da importância das pessoas terem bons hábitos para preservar o ambiente.
A professora de Lucas, Lúcia Silveira, conta que o jovem escreve e faz a leitura no sistema braile. “Além da escrita adaptada, nós utilizamos figuras em alto relevo para auxiliar o aprendizado. Ele tem uma memória incrível e é muito inteligente”, diz.
Revivendo a infância
Joseane Freitas da Cunha participou do “Crianças do Rio Grande: Escrevendo Histórias” em 1994. Ela, que é advogada e servido pública, é ex-estudante da Escola Marisa Seggiaro Hoffmann, em São Nicolau.
Em visita à Feira do Livro, ela descreveu a emoção. “É muita emocionante estar aqui vendo o trabalho destas crianças. Eu participei quando tinha apenas 12 anos e foi fundamental na minha vida. Foi quando eu conheci Porto Alegre pela primeira vez e meus horizontes se abriram”, afirma.
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