Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de novembro de 2019
O governo montou uma estratégia para tentar reduzir juros cobrados de consumidores e empresas. Segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), o Banco Central vai anunciar nos próximos dias uma mudança na taxa do cheque especial.
O passo seguinte seria o corte nas taxas do rotativo do cartão de crédito. Segundo o parlamentar, há orientação clara do governo para que bancos públicos saiam na frente e reduzam a cobrança.
Na segunda-feira (11), a Caixa Econômica Federal reduziu as taxas mínimas de juros do cheque especial de 8,99% para 4,99% ao mês. O cheque especial é uma das linhas de crédito mais caras no mercado. Segundo fontes, o Banco do Brasil deve seguir o mesmo caminho.
“É uma redução em linha com um banco que busca a igualdade e financiamentos para pessoas com menos dinheiro. E esse juro, de 4,99%, ainda é extremamente elevado. Não paramos por aqui”, disse Pedro Guimarães, presidente da Caixa.
Em discurso, na tribuna, Bezerra afirmou que a ação da Caixa é o primeiro passo para que os juros cobrados dos consumidores se alinhem à taxa básica (Selic), que está em 5%, patamar histórico mais baixo:
“Tenho certeza que a iniciativa será acompanhada por outras instituições financeiras, que já sentem os sinais de recuperação da economia.”
Efeito no consumo
Especialistas traçam paralelo com a ação do governo de Dilma Rousseff, quando os juros dos bancos públicos foram reduzidos por decreto. Eles ponderam, porém, que há diferenças importantes agora, como a forte queda da Selic e o cenário de inflação controlada e de crescimento baixo. Mesmo assim, avaliam que a medida pode servir de estímulo ao consumo.
“O patamar de 4,99% ao mês ainda é alto e lucrativo, considerando que a Selic deve cair para 4,5% ao ano. O movimento da Caixa lembra o do governo Dilma, que usou bancos públicos para elevar a concorrência entre os bancos privados. De fato, eles já podiam ter baixado um pouco mais os juros do cheque especial”, afirmou
Para Fernando de Holanda Barbosa, da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EPGE), a mudança não pode ser comparada com o governo Dilma:
“A mudança que Dilma fez não tinha justificativa econômica. Hoje temos taxa de inflação abaixo da meta e capacidade ociosa bastante elevada”, afirmou, acrescentando avaliar que a decisão da Caixa deve influenciar outros bancos.