Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de agosto de 2015
Denunciado pelo MP (Ministério Público) por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras, o senador Fernando Collor (PTB-AL) usou a tribuna do Senado nessa segunda-feira para questionar e criticar a conduta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem chamou de “sujeitinho à toa”, “fascista da pior extração” e “sujeito ressacado, sem eira nem beira”. Ele afirmou ainda que Janot tenta constranger a Casa às vésperas da sabatina de que participará amanhã.
Durante o pronunciamento, Collor questionou a atuação de Janot à frente da Operação Lava-Jato. “Até quando vamos permitir esse estado policialesco que a PGR (Procuradoria-Geral da República) tenta implantar? Trata-se de questão que afeta, sim, diretamente as instituições, que afeta a separação dos Poderes, o estado de Direito e que merece, de nossa parte, por um freio nesses abusos inomináveis cometidos pelo senhor Janot”, disse.
Em seguida, o senador completou: “Estamos diante de um sujeito ressacado, sem eira nem beira, que acha que tudo pode e tudo faz a seu bel prazer, desconectando as instituições e esterilizando os Poderes da República que garantem a nossa democracia. Trata-se de um fascista da pior extração”.
Collor e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foram denunciados por Janot no último dia 20 deste mês. O procurador-geral pediu a condenação dos dois sob a acusação de terem cometidos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Investigadores da Lava-Jato apontaram que um grupo ligado ao senador recebeu cerca de 26 milhões de reais em suposta propina do esquema de corrupção da Petrobras de 2010 a 2014. O esquema vinculado ao congressista, segundo as investigações, envolvia assessores do Senado, colaboradores, empresas em atividade e outras suspeitas de serem de fachada.
Amanhã, Janot será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que votará sua recondução ao cargo de chefe do MP. Se for aprovado pelo colegiado, o procurador deverá ainda passar por análise do plenário do Senado.
A Procuradoria-Geral da República não quis se pronunciar sobre a fala de Collor.
Reclamação
Da tribuna, Collor voltou a reclamar de não ter sido ouvido sobre os fatos que lhe são atribuídos mesmo tendo se colocado à disposição da PF (Polícia Federal) e acusou Janot de patrocinar sucessivos vazamentos de informação.
Ele reclamou ainda, da operação de busca e apreensão realizada em seu apartamento funcional em 14 de julho, em que, segundo ele, a PF não apresentou à Polícia Legislativa do Senado o documento, assinado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello, que autorizava a operação. Collor exibiu um vídeo em que o chefe da Polícia do Senado, Pedro Carvalho, é impedido de entrar no apartamento funcional por agentes da PF. (Folhapress)