Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de novembro de 2019
Sonia de Fátima Silva Alves obteve apenas seis votos
Foto: DivulgaçãoInvestigação da PF (Polícia Federal) aponta fortes indícios de que verba eleitoral pública do DEM nacional foi desviada por meio da maior candidatura laranja das eleições de 2018.
Uma mulher do Acre que oficialmente concorreu a deputada estadual recebeu R$ 240 mil do diretório nacional da sigla, declarou ter contratado 46 pessoas para atividades de mobilização de rua, entre elas dois coordenadores de campanha, além do aluguel de 16 automóveis, confecção de santinhos e contratação de anúncios – recebendo ainda R$ 39.500 em material eleitoral doado.
Apesar do aparente grande aparato de campanha, a policial militar Sonia de Fátima Silva Alves obteve apenas seis votos, tornando-se a candidata com o voto mais caro do País – foram R$ 46,6 mil de verba pública por apoiador.
A maior parte da receita declarada pela candidata foi repassada por meio de uma transferência eletrônica assinada em 13 de setembro de 2018 por Romero Azevedo, tesoureiro nacional, e “A Magalhães NT” – Antonio Carlos Magalhães Neto, prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, partido ao qual são filiados os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.
De acordo com o inquérito da PF, ao qual o jornal Folha de S.Paulo teve acesso, Sonia foi usada como candidata laranja para desvio dessas verbas em benefício da campanha do deputado federal Alan Rick (AC), presidente do diretório estadual do DEM e membro da executiva nacional do partido.
Por meio de sua assessoria, o deputado Alan Rick afirmou que Sonia foi escolhida já perto da eleição para a vaga de uma candidata que havia desistido e que o expressivo repasse de verbas, decidido pela executiva estadual, ocorreu para que ela pudesse reverter a situação de desvantagem.
“Além de ingressar tardiamente na campanha, a candidata enfrentou diversos contratempos, a exemplo de erros na confecção do material de propaganda e grave enfermidade”, diz.
Rick afirma ainda que a verba empregada “nem sempre traz o resultado desejado para o candidato e para o partido, mas é certo que os resultados servem para o aprimoramento das escolhas futuras em novos pleitos”.
Também por meio de sua assessoria, o DEM nacional divulgou nota afirmando ter aprovado resolução, em 2018, determinando a transferência direta das verbas para a conta bancária das candidatas mulheres e definido “que as lideranças partidárias de cada Estado teriam a responsabilidade de identificar a viabilidade eleitoral das concorrentes”.