Domingo, 16 de março de 2025
Por Redação O Sul | 1 de dezembro de 2019
O presidente Jair Bolsonaro afirmou a visitantes que o esperavam na porta do Palácio do Alvorada na tarde do último sábado (30) que não pode “tabelar o preço da carne”, que subiu bastante neste fim de ano, e que o valor deve abaixar “daqui a algum tempo”. Bolsonaro foi abordado por um pecuarista que pedia para manter elevado o preço do produto.
Bolsonaro conversou com o pecuarista Edvaldo Luís da Silva, de Bonópolis (GO), que disse ter vindo a Brasília só para tentar falar com o presidente. Edvaldo fez um apelo e disse que o presidente “vai entrar para história” se manter o valor elevado da arroba da carne. Em São Paulo, o preço da arroba subiu 35% no último mês.
Na última quinta-feira (28), Bolsonaro havia afirmado em uma rede social que não iria tabelar ou congelar o preço da carne. Ele já tinha reconhecido a alta nos preços e a atribuído ao aumento das exportações. Na live de quinta, ele disse que não podia “tomar medidas que não deram certo em nenhum lugar do mundo, como exportar menos para abastecer o mercado interno. É a livre concorrência.”
A expectativa de redução no preço da carne vai na contramão do que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou nesta semana. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, a ministra alegou que preço não deve retomar ao patamar anterior.
Ao final da conversa com os visitantes, na porta do Palácio do Alvorada, o presidente avisou ter sido convocado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro a participar de um show gospel no sábado, no Centro de Convenções em Brasília.
No fechamento de novembro, o aumento nos preços da carne bovina desossada no mercado atacadista foi de 22,9% na média de todos os cortes pesquisados, de acordo com a Scot Consultoria.
“Quero deixar bem claro que esse negócio da carne é a lei da oferta e da procura. Não posso tabelar, inventar. Isso não vai dar certo”, disse o presidente na chegada ao Palácio do Alvorada, após viagem a Resende (RJ), onde participou da inauguração de uma cascata de ultracentrífugas, na Fábrica de Combustível Nuclear.
Já os preços da carne bovina vendida em supermercados e açougues de São Paulo registraram uma alta de 8%, na média de todos os cortes, segundo a consultoria. No Paraná a alta também foi consistente, 3,5%. Já no Rio de Janeiro e em Minas Gerais as variações foram mais tímidas, de 0,2% e 1%, respectivamente.
“[O preço da carne] vai ter uma estabilização, não vai ter mais essas puxadas. Mas não tem perigo de voltar ao que era. Mudou o patamar. Já tinha mudado o da soja, do milho. A carne ficou por três anos com valor muito baixo. Isso faz com que o mercado sinta mais essa subida”, afirmou a ministra.
Na mesma entrevista, Cristina nega qualquer possibilidade de que falte carne para venda no País: “o risco de desabastecimento é zero”, declarou.