Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de dezembro de 2019
Apenas um em cada dez servidores públicos é da esfera federal.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência BrasilO Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou nesta sexta-feira (6) um estudo que analisou dados dos últimos 30 anos, e a conclusão é que o número de funcionários públicos no Brasil mais que dobrou no período.
O Atlas do Estado Brasileiro apresenta, por nível federativo e pelos três poderes, informações como total de vínculos de emprego no setor público, evolução anual da remuneração mensal média, comparações entre civis e militares, diferenças de remuneração por sexo e nível de escolaridade dos servidores, entre outros dados.
O estudo Três Décadas de Evolução do Funcionalismo Público no Brasil (1986-2017) – também divulgado pelo Ipea nesta sexta, sintetizando alguns dos principais dados da plataforma – revela que, em 2017, foram gastos R$ 750,9 bilhões com os servidores ativos, o que corresponde a 10,5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Em 32 anos, o funcionalismo público ampliou-se em 123%: o número total de vínculos subiu de 5,1 milhões para 11,4 milhões. Apesar do crescimento expressivo, a expansão foi similar à do mercado de trabalho formal no setor privado (crescimento de 95% no total de vínculos).
Apenas um em cada dez servidores públicos, porém, é da esfera federal. O aumento no funcionalismo público observado na série de dados está concentrado nos municípios. No período analisado, o número de vínculos municipais aumentou 276%, enquanto o crescimento foi de 50% na esfera estadual e de 28% na esfera federal (incluindo civis e militares). No caso dos municípios, 40% das ocupações correspondem aos profissionais dos serviços de educação ou saúde: professores, médicos, enfermeiros e agentes de saúde.
Em 2017, persistia grande discrepância na remuneração dos três níveis federativos. Apesar de representarem 60% dos vínculos do setor público, os servidores municipais ganham, em média, três vezes menos que os federais. Na comparação entre os três poderes, o Judiciário tem salários cinco vezes maiores que o Executivo, na média.
A participação da mulher no mercado de trabalho avançou nos 32 anos da série histórica, embora elas continuem ganhando menos que os homens, em todos os níveis. Uma explicação possível para tal situação é a probabilidade de que elas estejam predominantemente em ocupações com menor remuneração (uma vez que respondem pela maior parte das vagas nas áreas de saúde e educação). A média salarial dos homens era 17,1% superior à das mulheres em 1986, diferença que subiu para 24,2% em 2017.
O levantamento mostrou também que houve aumento na escolaridade dos servidores públicos, em todos os níveis da administração. Em 2017, 47% dos servidores públicos do País possuíam nível superior completo (bem acima dos 19% com esse nível de escolaridade em 1986).
A plataforma do Atlas do Estado Brasileiro tem a maior série histórica de remuneração do setor público nesses 32 anos. “A nova versão do Atlas do Estado Brasileiro não é apenas uma atualização da plataforma. Há novos dados, além de mudança no layout e na usabilidade da ferramenta, que possibilita fazer uma análise bem detalhada do setor público no País”, disse um dos coordenadores do projeto e pesquisador do Ipea, Felix Garcia Lopez.