Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2019
O presidente Jair Bolsonaro está tendo um comportamento considerado mais suave e civilizado por líderes políticos, esvaziando, na opinião deles, assessores radicais e recuando em posições de confronto.
Entre os fatos citados estão elogios ao STF (Supremo Tribunal Federal) e o recuo em relação à exclusão da Folha de S.Paulo em licitação da Presidência para fornecimento de acesso digital ao noticiário — depois de perceber que poderia sofrer sanções do TCU (Tribunal de Contas da União). Mudanças consideradas ponderadas na área da cultura também entram na lista.
São notados também a saída de Carlos Bolsonaro do Twitter, que depois retornou, menos polêmico, e o esvaziamento do ministro da Educação, Abraham Weintraub.
As explicações para a mudança são variadas. Uma delas é a de que ele teria percebido que seria insustentável abrir tantas frentes de disputa ao mesmo tempo. A outra razão seria a percepção de que não vale a pena radicalizar, em especial com o Judiciário, quando seu próprio filho Flavio está sob investigação. Há dúvidas, no entanto, se a relativa calma vai durar.
Carlos Bolsonaro
Deputados bolsonaristas, assessores e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro foram pegos de surpresa na manhã do dia 12 de novembro quando as contas oficiais das redes sociais do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) amanheceram desativadas.
Twitter, Facebook e até o Instagram do ‘pitbull’ do bolsonarismo estavam sem postagens, fotos ou publicações. Sem mais acusações, sem teorias das conspirações, sem mensagens enigmáticas em código Morse.
Em ocasiões anteriores, o próprio Jair admitiu que Carlos tinha acesso às contas oficiais das redes sociais do presidente – como na vez em que usou a conta de Jair para postar uma mensagem polêmica em apoio à prisão em 2ª instância, apagando em seguida e pedindo desculpas.
Carlos já retomou, no último dia 8, suas contas nas redes, sendo recepcionado com festa após 21 dias “off”. Mas de que forma a ausência da ‘ponta de lança’ da militância digital do presidente foi sentida nas contas do pai?
Para efeitos de comparação, o Yahoo Notícias tabulou e analisou os tweets na conta de Jair Bolsonaro nos 11 dias anteriores à saída de Carlos das redes. Do dia 1º ao 11 de novembro, foram 153 tweets, o que corresponde a uma média diária de 13,9. Excepcionalmente no dia 3, a conta do presidente teve um pico máximo de 39 postagens.
Durante a ausência de Carlos, entre os dias 12 de novembro e 8 de dezembro, a conta oficial de Bolsonaro teve apenas 86 tuítes em 26 dias, uma média de 3,3 tweets por dia, sendo o pico máximo de 7 postagens em um dia.
Uma queda de quase 10 tweets por dia, em média.
E o baixo movimento não se restringe ao Twitter somente. No Facebook do presidente, a média passou de 7 postagens por dia no mês anterior à saída de Carlos, para somente 4 posts por dia durante a ausência do Zero Dois.
O único dia atípico foi 30 de novembro, quando é comemorado o Dia do Soldado, pelo Exército Brasileiro.
Para monitorar as atividades da conta do Twitter do Bolsonaro foi usada a ferramenta “TweetStats”. As medições do Facebook foram feitas através do “Crowdtangle”.
Apesar da queda nas postagens, a pouca mobilização nas redes de Bolsonaro não deve ser nem ser sentida, na avaliação de Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo).
“Foi uma saída temporária, leve. E a mobilização dos apoiadores de Bolsonaro nas redes envolve uma estratégia permanente. São duelos travados nas mídias sociais sobre todos os assuntos e todos os dias. Ele esteve ausente nesse período, mas o ‘bolsonarismo’ tem muitos braços. (…) Ele (Carlos) perdeu algumas semanas de batalha, mas como é uma mobilização permanente e que anda sem ele, não creio que tenha feito diferença”, avaliou o especialista.