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Colunistas Leitor manda, desmanda e comanda

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Escrever é verbo transitivo. Escreve-se para alguém. O alguém é o leitor. Ele é dono e senhor da obra. Manda. Desmanda. Comanda. Se lê o texto, agrada ao autor. Se gosta, bajula-o. Se questiona, premia. A seguir, seis taças conquistadas pela coluna. Viva!

Uma letra faz a diferença

Navarrete tem muitas qualidades. Uma delas: o respeito à língua. Ao escrever, consulta gramáticas, dicionários, amigos. Sabe que um escorregão pode estragar o mais lindo pensamento. Um dos tropeços que lhe chamam a atenção é a balbúrdia entre mas e mais. “Que tal uma dica infalível?”, pergunta ele.

Mais tem quatro letras. Mas tem três. Pois a grandona é o contrário de menos. Na dúvida, substitua a palavra por menos. Se a declaração ganhar sentido contrário, não tenha dúvida. Dê passagem ao mais: Comi mais (menos) do que Maria. Paulo é mais (menos) educado que Luís. Acordei mais (menos) disposto.

Mas introduz ideia contrária. É conjunção adversativa. Joga no time de porém, todavia, contudo, entretanto: Estudei muito, mas não passei. (Substituí-la por mais? O contrário não cabe. Fica sem sentido. Xô!)

Pai e filho

Regina Petinatti redigia um texto. De repente, deu um branco. Reavivar se conjuga como analisar?

Reavivar é filhote de avivar. Pai e filho jogam no time dos verbos regulares da primeira conjugação como cantar, analisar, pintar: eu reavivo, ele reavive, nós reavivamos, eles reavivam. E por aí vai.

Da Atenas brasileira

Arthur Quirino mora em São Luís do Maranhão. A cidade tem uma marca. Cultiva o bom português. Daí ser chamada de Atenas brasileira, em alusão à capital grega, cujos moradores se destacavam pelo zelo no uso da língua. Ele tem uma dúvida:

o correto é relação com o nome dos alunos ou relação com os nomes dos alunos?

Cada aluno só tem um nome. O complemento “dos alunos” dá a ideia de plural. É o caso de: O mestre de cerimônia anunciou a presença do governador e de três senadores. O presidente entregou medalha aos ministros (cada ministro recebeu uma medalha). Prestou homenagem aos presentes.

A favor e contra

Nádia Dalariva, de BH, escreve: “Sempre ouvimos muitas confusões gramaticais que acabam quase virando regra. Com isso, pomos em risco a qualidade da mensagem, seja ela escrita seja oral. Agora, por exemplo, fiquei na dúvida sobre o emprego das expressões de encontro e ao encontro.

Ops! Uma expressão é o contrário da outra. Trocar as bolas é o passaporte para confusões, adiamento de promoção, perda de amores. Valha-nos, Jesus, José e Maria.

Ao encontro de = em favor de ou na direção de: O projeto veio ao encontro de seus interesses. Caminhou ao encontro do filho. Vou ao encontro dos meus sonhos.

De encontro a = contra, em sentido contrário a, em oposição: O carro foi de encontro à árvore. O projeto vai de encontro às pretensões do governador.

Caber rima com saber

Neumar de Sousa Lima leu duas sentenças. Ficou curioso para saber qual delas merece nota 10: Põe a camiseta na mala se couber. Põe a camiseta na mala se caber.

Caber é cheio de irregularidades. Respeitar as manhas de tão instável criatura exige atenção plena. A mais importante é o cuidado com a conjugação. Guarde as formas: presente do indicativo (caibo, cabe, cabemos, cabem), pretérito perfeito (coube, coube, coubemos, couberam), pretérito imperfeito (cabia, cabia, cabíamos, cabiam), imperfeito do subjuntivo (coubesse, coubesse, coubéssemos, coubessem), futuro do subjuntivo (couber, couber, coubermos, couberem), gerúndio (cabendo), particípio (cabido).

Moral da opereta: Põe a camiseta na mala se couber.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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