Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de janeiro de 2020
A ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) acumulou prejuízo de R$ 148 milhões no ano passado, até novembro, enquanto a receita cresceu 0,5%, para R$ 17,94 bilhões.
No grupo de seus dez maiores clientes, que respondem por 35% das vendas, a receita cai em oito deles, em especial na área de serviço postal. A receita desse grupo, até outubro, encolheu 2,9%.
Com a substituição das faturas e mensagens de marketing impressas em papel por arquivos eletrônicos, os Correios vêm perdendo receita nos últimos anos. Esta área de serviços postais equivale a 41% da receita da estatal.
Na divisão de encomendas e logística, que representa 49,8% da receita, a estatal registra crescimento. Mas ao contrário da área de serviços postais, onde a ECT tem o monopólio, há concorrência no mercado de entrega de mercadorias. A administração destaca no relatório a importância dessa área para reduzir a exposição às “receitas que tendem à extinção”.
Entre os dez maiores clientes dos Correios as vendas caíram 2,9% em 2019, até outubro, com destaque para Claro, Telefônica Brasil e Caixa Econômica Federal. As vendas para as varejistas on-line Mercado Livre e B2W cresceram.
Maior cliente dos Correios, o Mercado Livre também tem feito parcerias com empresas de logística como Azul Cargo Express, Sequoia, DHL e Jadlog. Com isso, a estatal perde espaço nos negócios do maior shopping virtual do País.
O relatório informa também que as despesas acumuladas até outubro foram de R# 16,442 bilhões, alta de 2,1%. Parte desse aumento deve-se ao pagamento de indenizações do programa de demissão voluntária (PDV), que somaram R$ 146,4 milhões. “A tendência [é de] que a economia gerada pela redução do quatro de pessoas pelo PDV a longo do ano dilua o impacto ocorrido, porém, ainda é preocupante a empresa não apresentar crescimento real da receita”, diz o departamento de controladoria da ECT, no relatório.
Entre outubro e novembro, o prejuízo diminuiu em R$ 84,37 milhões. Os produtos entregues durante a Black Friday deram fôlego à empresa. Segundo uma fonte, as vendas de Natal também devem ajudar a reduzir ainda mais o prejuízo. Despesas com o plano de saúde dos funcionários também devem ter caído até dezembro.
A ECT respondeu que o balanço e o relatório da administração serão publicados até 30 de abril. “A atual administração permanece orientada a recuperar os indicadores financeiros, a sustentabilidade e a eficiência operacional”, afirmou a estatal. Acrescentou que o resultado operacional é positivo.
No ano passado, Floriano Peixoto Vieira Neto, presidente dos Correios, e sua equipe começaram a implementar um programa para cortar despesas de R$ 2,26 bilhões, entre 2019 e o fim de 2020. Algumas das medidas eram revisar as rotas aéreas postais noturnas, diminuir benefícios adicionais dos trabalhadores e renegociar contratos com fornecedores.
O jornal Valor Econômico apurou que em uma reunião do conselho de administração, em dezembro, foi discutida uma nova estrutura organizacional. A proposta é separar a área de tecnologia que atualmente está ligada às áreas de gestão estratégica e finanças. Essa mudança, se aprovada em assembleia geral, aumenta de seis para sete o número de membros da diretoria executiva. Também seriam criados seis departamentos, oito gerências corporativas e reduzidas três superintendências executivas. A nova estrutura aumenta em 4,6% o orçamento anual de funções fixas, sem considerar os encargos.
Na reunião do conselho também foi aprovada a possibilidade de contratação de até R$ 250 milhões de crédito de curto prazo junto ao Banco ABC Brasil, para ser utilizado como capital de giro. A administração ainda não decidiu se tomará o empréstimo.