Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Richard Sacks | 5 de fevereiro de 2020
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Várias cidades do país têm discutido e proibido a utilização de utensílios plásticos. Primeiro foram os canudos, depois os copos, e agora todos os produtos descartáveis que contêm plástico. Essa proibição tem a intenção de diminuir a quantidade de lixo despejado e proteger as tartarugas, que acabam ingerindo o lixo plástico que vai parar nos oceanos. Embora eu goste das tartarugas, não gosto nem um pouco da regulamentação e interferência pelas canetadas do Estado. Na prática, banir os descartáveis plásticos trará efeitos negativos com os quais políticos e ambientalistas certamente não contaram ao fazer seus estudos de viabilidade.
A medida imposta levará à falência centenas de negócios envolvidos, da produção à comercialização de material plástico. Com a falência forçada, vem o desemprego forçado. Adaptar-se ao que o governo deseja é caro e demorado demais para algumas empresas, pesando ainda mais no bolso dos consumidores.
No passado, todo o lixo plástico produzido pelo planeta era sumariamente descartado, sem qualquer forma de tratamento. Atualmente, já somos capazes de incinerar ou reciclar boa parte do lixo produzido. Progressivamente, estamos aumentando o gerenciamento responsável de despojo plástico e reduzindo a quantidade de processos de descarte sem tratamento. O cenário já é positivo. Se o lixo plástico é corretamente descartado e tratado, não precisa ser proibido. A urgência das indústrias frente às ideias e opiniões de seus consumidores é promover o descarte adequado, e a responsabilidade do governo, se existente, residiria em fomentar esse processo.
Se os políticos estivessem preocupados com impactos reais, poupariam recursos públicos e evitariam potenciais distorções na economia, abrindo o monopólio de descarte de lixo, permitindo que empresas interessadas salvassem o meio ambiente e lucrassem com isso, gerando alternativas sustentáveis, modelos de inovação e empregos.
Por fim, sofrerá quem sempre sofre com as intervenções de qualquer governo: os mais pobres. Todo fornecimento de serviços de alimento, como de marmitas, quentinhas e refeições a baixo custo, se tornará mais caro por causa da substituição de embalagens – e, no fim do mês, a conta do seu José, servente de obras, pode deixar de fechar por causa disso. A interferência estatal, em qualquer caso, sempre acabará prejudicando a população.
Richard Sacks, empreendedor e associado do IEE.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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