Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Pedro Zanetello | 14 de fevereiro de 2020
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Cargos na administração pública são, desde muito tempo, uma ambição de jovens indecisos com o seu futuro profissional. Estabilidade, salários bastante acima da média, carga horária mais branda e falta de cobrança por resultados são os principais motivos que conquistam as pessoas para prestar as provas e ingressar no funcionalismo público. O que é provável é que essas pessoas não tenham ciência do enorme prejuízo que a manutenção do tamanho atual do funcionalismo causa para o Brasil.
Hoje as despesas com funcionalismo no país representam cerca de 13,1% do PIB, sendo o maior percentual entre todos os países analisados (acima de Chile, EUA, Portugal, França). O problema se dá não apenas no número de funcionários públicos, mas também no exorbitante valor de remuneração deles: segundo levantamento do Banco Mundial, o setor público paga em média salários 70% superiores aos da iniciativa privada formal e quase três vezes mais do que recebem os trabalhadores informais. Isso coloca os servidores federais no topo da pirâmide de renda do Brasil — 93% do funcionalismo do governo federal fazem parte dos 40% mais ricos da população brasileira. Sete em cada dez desses funcionários integram o grupo dos 10% mais ricos do país. O Estado é o maior concentrador de renda e um dos principais motivos da desigualdade social no Brasil — mas ainda tem gente que insiste em condenar os empresários que sustentam a economia.
Todo esse peso do funcionalismo custa muito caro para o país e para o cidadão. Para suportar tamanha folha, são gerados tributos e endividamentos progressivos, sem falar na perda imensurável de jovens talentos para a administração pública, onde a maioria desempenhará papéis de pouca relevância, que geram resultados compendiosos, quando poderiam estar entregando soluções muito mais relevantes na iniciativa privada.
Estabilidade e garantia de privilégios apenas reforçam o conservadorismo involutivo do cidadão brasileiro, que pretere o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação em negócios em razão da estagnação burocrática do sistema público. É fundamental aprovarmos reformas administrativas para o funcionalismo, e conceder mais liberdade à iniciativa privada, para que essa gangorra seja invertida o quanto antes e o Brasil possa voltar a reivindicar papéis de protagonismo na economia e no ambiente de negócios. Chegou a hora de permitirmos que os jovens que ingressam no mercado de trabalho possam olhar com mais carinho a iniciativa privada.
(Pedro Zanetello, empresário e associado do Instituto de Estudos Empresariais)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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