Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de março de 2020
A incerteza crescente para se viajar, depois que uma série de países decidiu bloquear suas fronteiras como prevenção contra o novo coronavírus, preocupa especialmente um grupo de passageiros que está em um cruzeiro que saiu dia 28 de fevereiro de Sidney, na Austrália, com destino a Pabeete, na Polinésia Francesa, mas foi impedido de ancorar, em pelo menos dois portos, devido aos temores com a doença.
A situação levou o cruzeiro Norwegian Jewel a mudar seu rumo, gerando angústia entre os passageiros que ainda não sabem se vão conseguir voo para voltar para casa quando o navio finalmente rceber permissão para ancorar, como contou pelo telefone à BBC News Brasil o empresário baiano Jorge Fontes, que viaja com a mulher, e também empresária, Sonia González.
O tour de 23 dias no cruzeiro com capacidade para dois mil passageiros, já saiu do primeiro porto com mudança no itinerário original, como informou a companhia aos passageiros.
O roteiro original, comentaram, foi feito e vendido quando ainda não existia a preocupação com o novo vírus.
A assessoria da Norwegian confirmou a BBC News Brasil que após tentar sem sucesso ancorar nos portos de Auckland, na Nova Zelândia, e de Fiji, no Pacífico Sul, o cruzeiro foi obrigado a mudar seu roteiro novamente.
Num comunicado, a empresa informou que o itinerário de 23 dias do Norwegian Jewel da Austrália à Polinésia Francesa foi modificado para desembarcar em Auckland, Nova Zelândia, em 20 de março de 2020. E acrescentou: “Devido a vários fechamentos de portos na área, outras modificações foram feitas e o navio deve desembarcar em Honolulu em 22 de março de 2020”.
Roteiro incerto
Entre a compra da viagem, a saída do barco e esta semana, foram pelo menos quatro mudanças de rumo, segundo Fontes.
O barco partiu na terça-feira (17), às 8h40min da manhã, hora local (16h40min em Brasília), de Pago Pago, na Samoa Americana, em direção a Honolulu, no Havaí, nos Estados Unidos, parada que não estava no roteiro.
“Para mim, o cruzeiro perdeu a graça. Não quero saber de piscina, academia de ginástica, shows, nada disso. Só quero voltar para casa”, disse Fontes à BBC News Brasil, pelo telefone.
Ele disse que além da “angústia” de não saber se o cruzeiro vai conseguir ancorar, há também a dúvida sobre se conseguirá passagem de avião de volta para o Brasil, diante do bloqueio das fronteiras.
A previsão, segundo informou a companhia aos passageiros, como disse Fontes, é de cinco dias de navegação até Honolulu. “Primeiro, eles disseram que comprássemos passagem para nossos países a partir de Honolulu. Agora, disseram que é melhor esperar chegar lá, para ter certeza de que poderemos desembarcar”, disse.
Além de tentar sem sucesso ancorar, como destino final, na Nova Zelândia, o cruzeiro não conseguiu parar em Fiji e depois na Austrália.
“Eles nos comunicaram pelo alto falante sobre esse quadro. Nós estamos numa situação difícil. Alguns passageiros brasileiros falaram que não têm visto dos Estados Unidos para desembarcar em Honolulu. Aqui no cruzeiro estão nos tratando muito bem, mas estamos em uma incerteza grande porque não sabemos se vamos ancorar e se vamos conseguir voo para voltar para o Brasil. Esperamos que o Itamaraty nos ajude”, disse Fontes.
O Itamaraty disse que os Consulados e Embaixadas do Brasil “acompanham de perto a situação gerada por eventuais fechamentos de fronteiras por conta da pandemia de coronavírus, com especial atenção à situação dos turistas brasileiros” e que as representações brasileiras “permanecem à disposição para receber demandas dos brasileiros geradas por essa situação, sempre buscando prestar toda a assistência consular possível em cada caso concreto”.