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Por Redação O Sul | 29 de março de 2020
Sobe para 136, o número de mortes por coronavírus no país.
Foto: ReproduçãoO número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil subiu para 136 neste domingo (29), segundo dados do Ministério da Saúde. Em 24 horas, 22 pessoas morreram em decorrência da Covid-19. No sábado, eram 114 mortes. O País registra 4.256 casos da doença.
O número de registros representa um salto de 9% com relação ao sábado (28), quando eram contabilizados 3.904 casos. Com relação aos casos confirmados, a mortalidade da doença é de 3,2% no País.
Pelo segundo dia consecutivo, o país registra 22 mortes em 24 horas. É o maior patamar desde o primeiro óbito em território nacional, ocorrido no dia 17 de março na capital paulista.
São Paulo segue sendo o estado com maior número de infectados, com 1.451 casos. Na sequência aparecer o Rio de Janeiro (600), Ceará (348), Distrito Federal (289) e Minas Gerais (231).
A região Sudeste segue concentrando a maioria dos casos, 5% . Nordeste tem 17%, Sul, 13%, Centro-oeste, 9%, e Norte, 5%.
Só em São Paulo morreram 98 pessoas; outras 17 morreram no Rio de Janeiro. A taxa de mortalidade por Covid-19 no Estado paulista é a maior do País, com 6,8% de vítimas fatais.
Houve registro ainda de cinco mortes no Ceará e em Pernambuco, dois óbitos no Paraná e no Rio Grande do Sul. Amazonas, Bahia, Piauí, Goiás, Distrito Federal e Santa Catarina tiveram, cada um, um óbito devido ao coronavírus.
A primeira morte causada pelo novo vírus no DF foi da enfermeira sanitarista Viviane Rocha de Luiz, de 61 anos, que atuava como assessora técnica do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, “todos aqueles que tiveram contato direto com a vítima estão sendo monitorados pela autoridade sanitária “.
O Conass é um dos órgãos que têm atuado junto ao Ministério da Saúde na elaboração de medidas de enfrentamento da pandemia.
Neste domingo, contrariando recomendações do Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro circulou pelo comércio do DF e cumprimentou apoiadores.
Periferia
O morador das periferias brasileiras está muito preocupado com o coronavírus e acredita que a quarentena é o melhor remédio para combater a pandemia da doença no País. Segundo pesquisa feita pela agência da publicidade Responsa – braço da Bullet especializado em ações de marketing para comunidades – mostra que 96% dessa população acreditam na eficácia do isolamento social para conter a contaminação.
O levantamento mostrou ainda a falta de confiança no que se refere a ações governamentais para salvar os moradores das periferias: 90% dos entrevistados disseram sentir que o governo não está realizando ações específicas eficazes para ajudar os mais pobres nesse momento. A pesquisa ouviu 525 pessoas de várias partes do Brasil, com 40% de concentração em São Paulo, entre segunda-feira (25) e quinta-feira (28).
Segundo o chefe de criação da agência Reponsa, Samuel Gomes, que vive na Vila Guarani, na zona sul de São Paulo, a preocupação em conter a doença é explicada pela estrutura da vida em comunidades de renda mais baixa (todos os entrevistados pertencem às classes C, D e E). “Estamos sempre em contato com os nossos, pois todo mundo vive muito junto na periferia – avós, pais, filhos e tios. E sabemos, por enfrentarmos a realidade do SUS e do transporte público, que a transmissão da doença vai afetar principalmente a gente.”
O temor da falta de dinheiro e do desemprego também aparece com força no levantamento, até porque as periferias concentram trabalhadores autônomos e convivem com um índice de desemprego e subemprego muito maior do que nas classes A e B. Segundo a pesquisa, apenas 52% das pessoas estão trabalhando normalmente ou em home office. O restante das pessoas se divide entre pessoas que já não trabalhavam (30%), empregados que deixaram de receber salário (11%) e demitidos por causa da crise (4%).
Para Gomes, as ações para distribuição de renda são urgentes, pois a falta de dinheiro é um problema corriqueiro entre as famílias de baixa renda – e esse fator pode empurrá-las a comportamentos de risco. “Meu pai complementa a renda com coleta de fio de cobre e de alumínio. Quem o ajuda atualmente sou eu, até porque minha mãe é cardíaca e tem mais de 60 anos e faz parte do grupo de risco”, conta. “Na periferia, é assim: um ajuda o outro, desde sempre. No meu quintal, moram hoje 10 pessoas – mas já fomos 12.”