Segunda-feira, 18 de novembro de 2024

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Colunistas Um novo Renascimento

Compartilhe esta notícia:

(Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Não faço esculturas, na verdade, elas sempre estiveram lá. Eu apenas retiro os excessos, disse Michelângelo, com a não incomum austeridade e humildade dos grandes gênios.

Assim como as obras de Michelângelo, também as sociedades têm dentro de si, muito antes de aflorar, as sementes da mudança. Os prenúncios, contudo, não são evidenciados à luz do dia. Muitos desses sinais vivem à sombra e são difíceis de perceber. Outros, entretanto, estão à flor da terra, a exemplo do esgotamento do atual modelo de consumo e da falta de consciência ambiental.

O assombro da humanidade frente à pandemia da Covid-19 é um desses fenômenos disruptivos com potencial para forjar uma nova era. Foi também disruptiva a Revolução Agrícola que antecedeu a Revolução Industrial e que nos trouxe à atual Sociedade do Conhecimento. De um primeiro ciclo de quase 10.000 anos para a superação da Sociedade Agrícola, tivemos um lapso de somente 400 anos para o surgimento da Era do Conhecimento, gestada a partir da Sociedade Industrial, e menos de 70 anos para a presente mudança, que antevejo com cores cada vez mais nítidas.

As novas e avançadas tecnologias desse novo milênio aceleraram a decadência da última onda, cujo tempo parece estar se esgotando. As características da velha ordem tais como o individualismo, a competição desenfreada, a ganância, a violência, a agressividade, a intolerância crescente diante do outro, a indiferença frente à brutal desigualdade social que fere a nossa dignidade, a omissão criminosa perante a degradação ambiental e a erosão gradual dos valores mais caros à boa convivência, se debatem e ainda resistem ante a presença de uma força transformadora que não é mais possível negar, sob pena do nosso próprio desaparecimento.

Em contrapartida, o confronto de vida ou morte que confinou o mundo a esta inédita e assustadora quarentena, cujos impactos econômicos e sociais ainda são impossíveis de calcular, está antecipando o surgimento de uma nova sociedade, uma sociedade cujos valores terão que inapelavelmente confrontar o antigo paradigma: de uma visão individualista para um modo mais solidário, cooperativo e focado nos interesses do grupo; da competição desenfreada para a colaboração e valorização dos diferentes talentos; da ganância sem limites para maiores generosidade e desprendimento; da violência para uma defesa cada vez mais intransigente da paz; da agressividade para a formação de ambientes mais equilibrados e harmônicos; da intolerância crescente para maior compreensão e empatia; da indiferença a uma preocupação ativa para com os mais pobres; da omissão para um engajamento efetivo frente à destruição do nosso ecossistema e, finalmente, de uma erosão das nossas virtudes para a reinterpretação da boa convivência alicerçada nos valores humanitários de justiça, liberdade, solidariedade, honestidade e paz.

Os fundamentos de um mundo mais humanizado, contudo, dependem de um protagonismo indelegável de cada um de nós. Exercer a nossa cidadania em toda a sua plenitude e deixar o suposto conforto de nossa zona de conveniência para compreender e agir diante dos desafios desse novo mundo, são elementos indispensáveis para a transformação em curso. A julgar pelas magníficas demonstrações de solidariedade, senso comunitário e empatia no combate à pandemia da Covid-19, há razões para que acreditemos num mundo melhor. Assim como o Renascimento brotou das sombras da Idade Média, do mesmo modo também poderemos estar renascendo para um novo e melhor tempo. A escolha está em nossas mãos!

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Colunistas

Reprovação de 52% fez Bolsonaro mudar atitude
Band pretende levar marca “Bora” para todo País
https://www.osul.com.br/um-novo-renascimento/ Um novo Renascimento 2020-04-02
Deixe seu comentário
Pode te interessar