Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de abril de 2020
Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão Roberto de Assis Moreira
Foto: Instagram/ReproduçãoA prisão de Ronaldinho Gaúcho e do empresário Roberto de Assis Moreira no Paraguai completou um mês neste sábado (04). Os dois são acusados de usar documentos falsos. Os irmãos aguardam, sem perspectiva de quando serão soltos, julgamento e podem receber pena de até cinco anos de prisão.
O caso de Ronaldinho, que chegou a mobilizar o ministro da Justiça do Brasil, Sérgio Moro, hoje não causa a mesma repercussão. A policiais e guardas com quem convive não se queixa do tratamento, mas diz que não entende porque está preso há tanto tempo.
“Eles ficarão no país o tempo que for necessário”, declarou o promotor Federico Delfino a jornalistas, explicando que Ronaldinho e o irmão estão envolvidos em uma investigação de produção e tráfico ilegal de passaportes que já prendeu 16 pessoas.
Outros detentos afirmaram que, há alguns dias, o ex-craque da Seleção, campeão do mundo com o Brasil em 2002, perdeu uma partida de futevôlei dentro da prisão contra outros dois presos, um sentenciado por assassinato e outro por roubo. A informação e as imagens da partida viralizaram nas redes sociais.
Ninguém se responsabiliza pelas informações e imagens que vazam das atividades de Ronaldinho dentro da prisão. Tanto guardas quanto detentos temem uma punição por violar o regulamento interno. Mas o ex-companheiro de Ronaldinho no Barcelona, o ex-zagueiro espanhol Carles Puyol, admitiu publicamente que conversou por celular com o amigo, o que coincide com informações de que o Ministério Público devolveu o aparelho ao astro brasileiro ao fim da perícia ao qual foi submetido.
O aniversário de 40 anos de Ronaldinho, em 21 de março, também não passou despercebido. Teve churrasco dentro da cadeia e vários de seus amigos do futebol lhe deram parabéns pelo Facebook e Instagram. Já é de conhecimento público que detentos e policiais que convivem com Ronaldinho na prisão o adoram e fazem de tudo para deixá-lo à vontade e confortável.
Em 4 de março, Ronaldinho, ex-atacante do Grêmio, PSG, Barcelona, Milan, Flamengo e Atlético Mineiro, entre outros clubes, foi recebido com festo na aeroporto internacional de Assunção. Cerca de 2 mil crianças gritavam seu nome no momento em que ele apareceu na salão de desembarque.
Muitas vestiam a camisa da Seleção Brasileira com o número 10 nas costas que Ronaldinho usava nos tempos de jogador. O craque havia sido recrutado pela fundação Fraternidad Angelical, encabeçada pela empresária paraguaia Dalia López.
Mas, naquela mesma noite, começou o calvário de Ronaldinho. Uma comitiva policial e judicial foi até seu hotel e confiscou os celulares e os documentos do ex-jogador e do seu irmão.
No dia 5 de março, os dois irmãos foram até a sede do Ministério Público do Paraguai para depor durante oito horas. Ao fim do interrogatório, o promotor responsável pelo caso recomendou ao juiz que os brasileiros respondessem às acusações em liberdade, com a condição de que admitissem terem usado passaportes adulterados e que pagassem fiança.
O promotor Federico Delfino argumentou que Ronaldinho e Assis “foram enganados em sua boa fé” a apresentar passaportes adulterados, uma declaração que desencadeou uma crise interna e levou à renúncia do diretor de Imigração do Paraguai.
Baseado no depoimento do promotor, o juiz determinou a liberdade condicional de Ronaldinho, mas repassou o caso para a procuradora-geral do Estado, Sandra Quiñonez. Desde então, tudo mudou. Agentes uniformizados foram até o hotel na noite do dia 6 de março e prenderam Ronaldinho e seu irmão. Os dois foram levados ao Grupamento Especializado da Polícia.
Algemados, Ronaldinho e Assis compareceram ao tribunal diante da juíza Clara Ruiz Díaz, que manteve as prisões. “Ronaldinho e Assis não sabiam que os passaportes eram irregulares, para eles eram legais”, declarou o advogado brasileiro Sergio Queiroz.