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Por Redação O Sul | 12 de abril de 2020
A testagem é uma das ferramentas mais importantes para desenhar o cenário de uma epidemia na população. No caso da pandemia do novo coronavírus, não é diferente: a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que todos sejam testados, principalmente para encontrar e isolar os pacientes assintomáticos —importantes vetores na disseminação do vírus.
Infelizmente, o Brasil e outros países que estão lutando contra a doença, não têm uma estrutura laboratorial de testagem em massa. Um dos fatores para essa situação é que o teste mais utilizado hoje – o RT-PCR, que busca material genético do vírus nas células do paciente – é um exame que demanda insumos laboratoriais importados (em falta ou muito caros atualmente, já que muitos países estão comprando) e mão de obra qualificada. “É um teste que nem todo laboratório brasileiro faz justamente por ser bastante específico”, afirma João Renato Rebello, coordenador médico do Laboratório de Técnicas Especiais do Hospital Albert Einstein.
Como funciona o teste rápido para detectar coronavírus?
Os testes rápidos utilizam uma amostra de sangue da pessoa para detectar a presença de dois tipos de anticorpos: o IgM e o IgG. O primeiro é considerado um marcador para a fase aguda da doença e começa a ser produzido entre cinco e sete dias após a infecção pelo vírus. Já o segundo é um anticorpo mais específico que permanece circulando mesmo após o fim da fase aguda, indicando que a pessoa está —teoricamente— protegida de futuras infecções provocadas por aquele patógeno.
A amostra de sangue pode ser colhida de duas formas: ou por um furo no dedo ou pela coleta de sangue a partir de uma veia. Neste caso, a parte do sangue analisada é o soro —material obtido após a centrifugação do sangue.
De acordo com Octavio Fernandes, vice-presidente de operações do Labi Exames e médico phD em patologia clínica e medicina tropical, a análise sorológica se mostrou mais precisa na avaliação que o laboratório fez após adquirir um lote desses kits de origem coreana. “Nós trocamos o modo de coleta para conseguir aumentar a sensibilidade do teste e, assim, reduzir as chances dos falsos negativos”, explica.
De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), atualmente existem 19 tipos de teste autorizados no Brasil para a detecção de anticorpos do novo coronavírus —um número de que deve aumentar nas próximas semanas.
A partir de quando eu posso fazer o teste rápido do coronavírus?
O ideal é que a testagem seja feita a partir de sete dias após o aparecimento dos sintomas (como dores no corpo e tosse seca), mas há maior precisão se feito após o décimo dia.
Esse é o tempo médio que o corpo precisa para produzir suas defesas contra o vírus. Por isso, o teste acaba não sendo indicado para detectar a doença precocemente —já que, quando ele for capaz de oferecer um diagnóstico positivo, o paciente já estará com os sintomas há algum tempo.
Importante: se o exame for feito antes desse período, a chance de dar negativo é grande, mesmo a pessoa estando contaminada. Assim, ele é recomendado apenas quando a pessoa notar o aparecimento de sintomas de infecção respiratória.
Quem pode fazer esse tipo de teste rápido?
Na rede particular, qualquer pessoa pode fazer esse tipo de teste rápido em alguns laboratórios, como é o caso do Labi Exames. No entanto, por conta da alta procura, o estoque de kits tem se esgotado rapidamente; então, os locais que oferecem o exame estão organizando listas de espera para agendamento, uma vez que mais kits cheguem.
Já no SUS, o Ministério da Saúde liberou recentemente o primeiro lote de kits de teste rápido para serem usados apenas em profissionais que atuam na área de saúde e estão na linha de frente do combate à doença, além de agentes de segurança, como policiais, bombeiros e guardas civis que estejam com sintomas da covid-19. A ideia é que esses profissionais recebam o diagnóstico mais rapidamente e possam voltar ao trabalho, após sua recuperação, de forma mais segura.